MONTES
CLAROS (por Luiz Ribeiro) – Já que a ajuda de São Pedro não é suficiente, a
solução é recorrer à tecnologia. A Copasa vai utilizar a indução de chuvas para
aumentar a vazão da barragem do Rio Juramento, sistema rio Verde Grande, a fim
de amenizar a escassez hídrica em Montes Claros (400 mil habitantes).
Responsável pelo abastecimento de 65% da cidade, mesmo após as últimas chuvas,
o reservatório continua com volume baixo (21,8% até sábado, dia 6 de janeiro) e
a população continua enfrentando o racionamento.
A
Copasa vai recorrer à tecnologia para “fazer chover” depois de outras
tentativas para amenizar a escassez. Além da perfuração de poços tubulares, foi
iniciada a construção de uma adutora para captação no rio Pacuí, a 56
quilômetros de distância, no município vizinho de Coração de Jesus, obra que
está em andamento e que somente entrará em funcionamento em agosto ou setembro.
A
adutora do rio Pacuí gerou polêmica com os pequenos produtores da região,
alegando que o manancial não tem vazão suficiente para fornecer água para
Montes Claros. A companhia também anunciou a construção de 146 quilômetros de
adutora (investimento de R$ 323 milhões) para captação de água no rio São
Francisco para abastecer Montes Claros, aproveitando os 90 quilômetros da
adutora até o Pacuí.
A
indução de chuvas na área do reservatório do Rio Juramento será aplicada pela
empresa especializada Modclima (de São Paulo). Ela foi contratada por meio de
licitação, por R$ 1,291 milhão para aplicar a técnica durante quatro meses. “É
oportuno que o procedimento seja feito quando há nuvens formadas para induzir a
precipitação”, informa a Copasa.
Começaram
a ser instalados na região (em solo) equipamentos (câmeras) que vão monitorar o
deslocamento de nuvens na área da Barragem do Rio Juramento, localizada no
município homônimo. A previsão é que a indução da precipitação com o uso do
avião seja iniciada ainda nesta semana. O avião vai decolar do aeroporto de
Montes Claros, a 30 quilômetros do reservatório, com tanque de 250 litros de
água potável para fazer a indução das nuvens.
De
acordo com a empresa responsável pela técnica, a quantidade de precipitação
depende das condições atmosféricas e do tamanho da nuvem “semeada” (induzida).
Mas já foi medida a queda de 60 milímetros por conta do processo de produção de
“chuva artificial”. As médias de precipitações variam de cinco a 40 milímetros.
A
“chuva artificial” foi usada para aumentar o volume de reservatórios e amenizar
a crise hídrica em São Paulo (Sistemas Cantareira e Alto Tietê), onde o
processo também foi desenvolvido pela Modclima, contratada pela Companhia de
Saneamento de São Paulo (Sabesp). Conforme a empresa, os primeiros voos
experimentais foram realizados em 1998, na região de Atibaia (SP). Em 2005, a
empresa firmou o primeiro contrato com a Sabesp para a produção de chuvas
artificiais sobre o Sistema Cantareira.
PROCESSO
FÍSICO
Conforme
a Copasa, a aplicação da técnica não envolve produtos químicos. “Utilizando
apenas água potável, a tecnologia consiste no lançamento de gotículas de
tamanho controlado, a partir de um avião, no interior de nuvens do tipo
cumulus. As gotículas lançadas no interior da nuvem ganham volume porque se
fundem com as que já estão presentes na mesma nuvem, resultado do processo
natural de evaporação. Assim, ganham massa suficiente até formar gotas de
chuva. O processo é inteiramente físico, como ocorre no desenvolvimento natural
da nuvem”, informa a companhia de saneamento.
Por
meio de nota, a Copasa diz que espera que a nova tecnologia “possa contribuir
para o aumento dos índices pluviométricos na bacia hidrográfica do
reservatório, incrementando o volume de água armazenado no barramento para o
abastecimento público”. Salienta ainda que a expectativa é que, “com maior
volume de chuva, estima-se também o aumento da umidade no solo e na vegetação,
o que favorece os processos de evaporação, contribuindo para o surgimento de
mais nuvens e chuvas naturais. Manter o solo o mais úmido possível também
promove a recarga de água subterrânea”. (Fonte: jornal Estado de Minas e portal
Uai)
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