JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Retirada no início da manhã desta terça-feira, dia 18 de
março, a composição férrea que saiu dos trilhos e com isso fechou parte da
cidade de Janaúba por quase 20 horas. O fato foi por volta do meio-dia de
ontem, segunda-feira, dia 17, quando cinco vagões saíram dos trilhos no pátio
da estação ferroviária.
A locomotiva com vagões carregados com
minério vinha do estado da Bahia com destino à Montes Claros. Após duas locomotivas
eos primeiros vagões entrarem no pátio ocorreu o acidente na área de bifurcação
dos trilhos. Uma linha férrea passa ao lado da estação e a outra linha férrea
segue em em reta.
A empresa responsável pela malha ferroviária
no Norte de Minas ainda não expediu comunicado a respeito do fato. Uma das
hipóteses para o acidente possa ser falha no sistema de desvio dos trilhos
nessa bifucação onde há uma espécie de chave que indica qual o destino do
veículo férreo. Também não é descartada a possível falta de manutenção da malha
ferroviária – nesse caso, os trilhos, as madeiras, britas e aterros – e somente
através de manifesto da empresa que controla o transporte ferroviário é que
poderá indicar a real causa do acidente.
A ferrovia em Janaúba foi implantada há
70 anos, em torno de quatro anos antes do povoado ser transformado em cidade.
Então com o nome de povoado de Gameleira, Janaúba foi emancipado em 27 de
dezembro de 1948. Diante disso, conclui-se que a ferrovia é um marco
patrimonial e histórico do município janaubense que perdeu o transporte
ferroviário de passageiros em setembro de 1996, ou seja, há 17 anos os trilhos
são utilizados para o transporte de cargas. Diariamente passam pela cidade
entre três a quatro composições férreas, geralmente duas vão para a Bahia e
duas com destino a Montes Claros.
Tanto o governo federal, detentor da
malha ferroviária, quanto a iniciativa privada que usa os trilhos para levar e
trazer cargas se mantém resistentes quanto ao anseio das comunidades do Norte
de Minas que clamam pelo retorno do transporte ferroviário de passageiros, pelo
menos nos finais de semana (de sexta-feira a domingo, em ida e volta
diariamente) ao estilo de trem turístico e cultural entre Monte Azul e Montes
Claros ou Bocaiúva, passando por Catuti, Pai Pedro, Tocandira, Janaúba, Quem-Quem,
Caçarema, Capitão Enéas. O acesso às comunidades de Quem-Quem, Caçarema e
Tocandira é feito em estrada sem pavimento e nem linha regular de ônibus o que
implica em dizer que essas localidades poderiam ser desenvolvidas por
intermédio do transporte ferroviário de passageiros.
O governo brasileiro planeja construir
outra ferrovia no Norte de Minas, passando em Montes Claros, na divisa de
Janaúba com Verdelândia e Jaíba, Gameleiras e seguindo pelo estado da Bahia.
Essa ferrovia seria basicamente para um moderno e pesado transporte de cargas.
Quanto à ferrovia que passa em Janaúba, o projeto prevê a desativação e, talvez,
a retirada. Mas, há proposta de que os trilhos construídos em Janaúba há mais
de 70 anos continuem a ser utilizados justamente com o transporte turístico e
cultural. Isso depende da vontade popular e empenho das lideranças.
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