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MORRE AOS 87 ANOS O “SEU CHICO DA PADARIA”, O PARAIBANO QUE VEIO CONTRIBUIR COM O DESENVOLVIMENTO DE JANAÚBA: COMERCIANTE E PRODUTOR RURAL EM SOLO GORUTUBANO POR 60 ANOS
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- O velório acontece na Igreja Presbiteriana, na avenida Brasil, centro de Janaúba
- O sepultamento está marcado para às 14h desta quarta-feira, dia 14 de outubro, no cemitério do bairro São Lucas, em Janaúba, na margem da MG-401 (saída para Jaíba)
Foto Oliveira Júnior
Francisco Marcolino de Oliveira, o “seu Chico da Padaria”, em 2008 quando estava com 75 anos de idade.
JANAÚBA (por Oliveira
Júnior) – O comerciante e produtor rural janaubense Francisco Marcolino de
Oliveira, o “seu Chico da Padaria”, faleceu na noite dessa terça-feira, dia 13
de outubro. Aos 87 anos completados no dia 3 de abril, ele não resistiu à
enfermidade. O corpo está sendo velado na Igreja Presbiteriana, na avenida
Brasil esquina com a rua Santos Dumont, centro de Janaúba. O sepultamento está
marcado para às 14h desta quarta-feira, dia 14 de outubro, no cemitério do
bairro São Lucas, em Janaúba, na margem da MG-401 (saída para Jaíba).
Falar em Francisco
Marcolino de Oliveira poucas pessoas saberão de quem se trata, mas dizer “Chico
da Padaria” ou 'seu' Chiquinho, com certeza, muitos irão lembrar desse cidadão
que há 60 anos deixou o Nordeste do Brasil para vir para o Norte de Minas, mais
especificamente para Janaúba.
Francisco Marcolino ou
“seu” Chico da Padaria não escondia a paixão que tem pela cidade de Janaúba.
Segundo ele, aqui é um lugar bom para se viver. Paraibano de Santana do Congo,
“seu” Chico da Padaria sempre demonstrou o interesse em conceder o melhor para
a família. De família simples, mas determinada à produção de alimentos, ele
trabalhou na roça para ajudar os pais Antônio Marcolino de Oliveira e Luzia
Maria da Conceição.
“Seu” Chico da Padaria
nasceu no dia três de abril de 1933. O carinho que recebia dos pais fez com que
ele também constituísse uma família. Isso aconteceu em 1951. O amor da vida de
“seu” Chico da Padaria é a senhora Maria do Rosário Leite de Oliveira, hoje com
84 anos de idade. O namoro de “seu” Chico e de dona Maria do Rosário seguiu os
rituais do romancista Shakespare. “Seu” Chico disse que foi amor à primeira
vista. O casal era vizinho de roça. Já se conhecia há muito tempo, mas quando o
coração de cada um pulsou pela paixão eles decidiram pela união. Dona Maria do
Rosário e “seu” Chico da Padaria foram casados durante 68 anos. Dessa união
nasceram os filhos Fátima, Arnaldo, Neide, Francisco Filho (o 'Chiquinho”),
Ronaldo, Nilcinei e as gêmeas Sibele e Silmara.
O casal decidiu vir para
o Norte de Minas em 1960, ou seja, há 60 anos, a convite do sogro de 'seu”
Chico. Eles deixaram a cidade de Riacho do Meio, em Pernambuco, onde plantava
milho e feijão. Vieram para Janaúba com o propósito de implantar uma padaria.
Com a esposa e até então com os dois filhos Fátima e Arnaldo, “seu' Chico
deixou Pernambuco numa caravana, batizada de “pau de arara”. A viagem durou
oito dias até chegar à cidade de Porteirinha.
Após a parada em Porteirinha,
a família foi para a comunidade de Tocandira, município de Porteirinha, de onde
embarcou no trem com destino à Janaúba – naquela época não havia o traçado da
rodovia BR-122 que liga Janaúba à Porteirinha. Chegou no mesmo dia e foi
recepcionada por amigos. Sem nenhum tipo de estudo, mas conhecedor da prática,”
seu' Chico veio com a intenção em contribuir para o desenvolvimento de Janaúba.
Implantou a padaria com a
qual proporcionou a geração de empregos e também ofereceu aos moradores opções
quanto à aquisição de pães. A padaria de 'seu” Chico foi instalada na esquina
das ruas Francisco Sá e Aimorés.
Ele também dedicou à
roça, onde plantava feijão, milho, mandioca, enfim, o “seu' Chico da Padaria defendia
a produção de alimentos. O carinho que recebia da população fez com que a
família de “seu” Chico ficasse em Janaúba. Ele morou no mesmo lugar, na rua
Aimorés, no centro, há 57 anos.
Perguntado sobre o porquê
da escolha por Janaúba para trabalhar e morar, “seu” Chico não pensava duas
vezes para dizer que Janaúba é uma terra boa, é um lugar bom para se viver. Ele
gostou de morar aqui, onde tem gente boa e oferece condições para criar os
filhos. “Seu' Chico lamentava uma coisa: a insegurança que volta e meia era
estabelecida na cidade e que proporcionava o “furto” da tranquilidade da
população. Mesmo assim, o paraibano jamais pensou em deixar Janaúba, por se
considerar um autêntico gorutubano.
O orgulho de “seu” Chico
da Padaria é ter proporcionado aos filhos uma vida digna, principalmente em ter
incentivado cada filho a estudar. E a motivação do casal dona Maria do Rosário
e 'seu” Chico teve resultados positivos, pois hoje na família existem
professoras, agricultores, bancários, enfim, uma família bem estruturada. Isso,
segundo “seu” Chico, é o reflexo do valor familiar que ele e a esposa tem
disponibilizado aos filhos.
Aposentado e com
dedicação aos netos, “seu' Chico dizia que pretendia viver até quando Deus
permitir, mas num tom de brincadeira diz que não queria ficar velho. Ao lado da
esposa, 'seu” Chico demonstrava vaidade e cuidado com a saúde. Até pouco tempo,
o casal realizava caminhada e até adquiriu um aparelho para o exercício das
pernas. Dona Maria do Rosário e “seu” Chico até travavam uma disputa para ver
quem tinha melhor desempenho na mini academia. Quem perdia, recebia o carinho por
parte de quem vencia, e vice-versa.
O jeito feliz e
brincalhão de “seu” Chico contagiava as pessoas que rapidamente se aliavam à
alegria proporcionada por esse paraibano que veio e ficou por 60 anos em
Janaúba.
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