JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Após dois meses e uma semana de angústia, a família do
taxista José Antônio Mendes Chaves, 21 anos, reconheceu nessa quinta-feira, dia
18 de agosto, os restos mortais do rapaz que havia deixado esta cidade na manhã
de 11 de junho quando teve o táxi fretado por um passageiro com destino à
cidade de Rio Pardo de Minas, aqui no Norte de Minas. O caso foi desvendado
esta semana. José Antônio foi morto no trajeto da viagem. O falso passageiro
ainda é acusado de outro homicídio, no mesmo dia, que culminou na morte de
Gercino da Silva Brito, 27 anos, feirante em Rio Pardo.
Os
eletricistas Mailson Santos Dias, 27 anos, e Rubens Maciel Teixeira Chaves, 22
anos, são os principais suspeitos das duas mortes. Amigos de infância e colegas
de quarto e na empresa onde vinham prestando serviço na cidade de Patrocínio,
Mailson e Rubens fizeram o pacto para dá fim à vida de Gercino, já que Mailson
nutria paixão antiga pela mulher do feirante. Nessa louca investida da dupla
houve a inclusão de um taxista de Janaúba, que até prove o contrário nada tinha
a vê com a situação. Antes de fretar o carro de José Antônio, Mailson esteve na
rodoviária de Janaúba e tentou negociar a viagem com outros dois taxaistas,
estes recusaram.
AMIGOS
DE INFÂNCIA
Os
amigos aproveitaram a folga no serviço e retornaram para Rio Pardo no dia 10 de
junho e no dia seguinte vieram para Janaúba Na apuração da Polícia Civil, apenas
Mailson foi à rodoviária. Na investigação consta que no percurso da viagem o
Rubens se juntou ao amigo, pois Mailson mencionou para passar na comunidade de
Mandassaia, região do distrito de Vila Nova dos Poções, neste município, para
embarcar um amigo. Há ainda o envolvimento das irmãs Jaqueline Sá da Costa
Lemos, 26 anos; e Verônica Sá da Costa Lemos, 22 anos. Jaqueline, mulher de
Rubens, teria tido a incumbência de conduzir o veículo durante a ação dos
amigos, pois ela é a única pessoa entre os envolvidos que possui habilitação.
As irmãs negam a participação nos crimes.
ERROU
O CAMINHO E FOI MORTO
Os
crimes vêm sendo investigados conjuntamente por agentes da 3ª Delegacia
Regional da Polícia Civil de Janaúba e pela Delegacia da PC da Comarca de Rio
Pardo de Minas. Os agentes tomaram conhecimento de que os acusados mataram o
taxista pelo fato do mesmo ter errado o caminho quando levava Mailson para Rio
Pardo. José Antônio teria sido morto ao ser atingido por disparo de arma. O
corpo do janaubense foi abandonado no mato a 20 metros de uma estrada distante
em torno de 20 quilômetros da cidade de Rio Pardo.
FAMÍLIA
RECONHECE ROUPA
Os
restos mortais – ossada – foram encontrados a tarde de quarta-feira dia 17 de
agosto, após os acusados terem dado as coordenadas à polícia. O material foi
recolhido e encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML), em Montes
Claros. No entanto, a PC de Janaúba suspendeu a análise, via exame de DNA,
diante do fato da família do taxista reconhecer que os restos mortais seriam de
José Antônio. Isso foi com base na arcária dentária, inclusive com um aparelho
corretivo dos dentes, parte da roupa. Segundo a polícia, os familiares
sinalizaram conhecimento com pedaços da calça, camisa (cor e botões) e o
calçado. José Antônio lidava com o transporte público de passageiro, através do
táxi, em torno de seis meses na cidade de Janaúba.
Segundo
apurado pelos investigadores da Polícia Civil, o desaparecimento do taxista
José Antônio ocorreu com objetivo de dificultar o trabalho da polícia, já que a
intenção de Mailson era matar o feirante Gercino.
MANDAVA
MENSAGENS PARA A MULHER DA VÍTIMA
Aproximadamente
seis horas após ter fretado o táxi na cidade de Janaúba, Mailson e comparsas
raptaram o feirante Gercino em Rio Pardo. O feirante foi morto no mesmo dia e o
seu corpo encontrado em estado de decomposição no dia 16 de junho no mato,
distante 200 metros de uma estrada e menos de cinco quilômetros da cidade de
Rio Pardo, em direção à Taiobeiras. Ainda no dia 16 de junho a polícia
localizou o táxi, nesse caso, incendiado. Ao lado do veículo estava o corpo do
feirante, parte foi afetado possivelmente pelo calor do incêndio.
Em
depoimento à polícia, Mailson disse que o feirante o ameaçava. Mailson teria
cometido o crime por motivação passional, já que foi descoberto por policiais
diligentes no caso diversas mensagens dele para a esposa do feirante Gercino,
dizendo que a amava e que não sabia como fazia para esquecer um grande amor. O
eletricista dizia que chegou a se separar da esposa, à época dos fatos, para
ficar com Talita, viúva do feirante. A viúva nega qualquer relacionamento com o
eletricista.
PREPARAVA
PARA FUGIR
Dois
agentes da PC de Rio Pardo de Minas seguiram no início desta semana para a
região de Patrocínio, onde, terça-feira, dia 16 de agosto, prenderam o
eletricista Mailson Santos. Os mesmos agentes da Polícia Civil chegaram a Rio
Pardo de Minas e na manhã de quarta-feira, dia 17, flagraram o acusado Rubens
Teixeira tentando embarcar justamente para Patrocínio para se encontrar com o comparsa.
Em
seguida, a polícia prendeu as irmãs Jaqueline e Verônica, também na cidade de
Rio Pardo. Os quatro cumprem prisão temporária, mas os delegados que cuidam do
caso devem solicitar à Justiça a decretação de prisão preventiva para os
principais acusados, Mailson e Rubens.
A
delegada de polícia Márcia Miguel Meira, da 3ª Delegacia Regional da Polícia
Civil de Janaúba, e o delegado de polícia Luís Cláudio Freitas foram designados
para apurar os fatos e já ouviram várias testemunhas, inclusive taxistas de
Janaúba. Extraoficialmente a polícia foi informada de que o acusado Rubens
Teixeira pretendia vingar de outra pessoa por questões particulares. Essa
vítima não foi localizada pelo desafeto.
As
investigações foram efetivadas pelos agentes de polícia Elton Reis, de Rio
Pardo; Robson Aquino, Pedro Miguel, Farley Albuquerque, Nélio Gomes, Denise
Francine e Maria Lúcia e ainda pelo agente aposentado Nilton Figueira, de
Pirapora, quem foi o responsável pelo retrato falado (imagem constituída do
suspeito com relatos de taxistas), e teve o apoio do Ministério Público tanto
da Comarca de Janaúba quanto de Rio Pardo de Minas.
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