MONTES
CLAROS – A incorporação de novas tecnologias aos serviços de saúde prestados na
Rede de Urgência e Emergência do Norte de Minas, através do projeto Minas
Telecárdio, está redimensionando o diagnóstico e atendimento de pacientes em
situação crítica de saúde na região.
Desenvolvido
pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) em parceria com a
Rede de Teleassistência de Minas Gerais, o projeto Minas Telecárdio faz parte
da estratégia do Governo Estadual de implantação das redes de atenção à saúde,
capazes de responder às condições agudas e crônicas. “A estrutura viabilizada
pelo projeto vai reforçar a ação integrada da Rede de Urgência e Emergência,
melhorando o tempo resposta e qualificando ainda mais o atendimento
pré-hospitalar na região”, destaca Olívia Pereira de Loiola, superintendente de
Saúde de Montes Claros.
Desde
junho de 2013, o projeto Minas Telecárdio está acompanhando pacientes com
suspeita ou diagnóstico de doenças cardiovasculares atendidos pelas unidades do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e nos seis hospitais de Montes
Claros, com objetivo de desenhar e implantar a linha de cuidados do infarto
agudo do miocárdio (IAM).
Milena
Marcolino, coordenadora científica do projeto, explica que a partir desta
semana será instalado sistema de tele-ECG em todas as unidades do Samu e nos 18
hospitais regionais, além do hospital universitário Clemente de Faria e do
Pronto Atendimento Alpheu de Quadros, em Montes Claros. Utilizando métodos de
telemedicina, a imagem do eletrocardiograma será enviada à Central de Regulação
do Samu para avaliação e orientação quanto à conduta apropriada. “Como o tempo
é fator decisivo nesse tipo de agravo, nos municípios que demandam mais de 120
minutos de deslocamento até um serviço de hemodinâmica será administrado o
trombolítico no paciente, que será imediatamente transferido para o hospital
referência através das unidades do Samu, melhorando sensivelmente a sobrevida e
recuperação deste paciente”, esclarece.
Durante
a reunião do Comitê Gestor de Urgência e Emergência desta terça-feira, 25/03, a
equipe do projeto apresentou a proposta de fluxo e de protocolo assistencial, e
o cronograma de treinamento dos profissionais, que será realizado no período de
29 de março a 13 abril.
De
acordo com Bárbara Campos Abreu, coordenadora de campo do projeto, as equipes iniciam
o treinamento dos médicos da Central de Regulação do Samu para a análise do ECG
e, logo em seguida, o treinamento clínico de médicos e enfermeiros que atuam
nas unidades móveis do Samu e nas portas de entrada para realização do ECG. “Já
foi elaborada a linha-guia, definidos os fluxos e o protocolo assistencial e
após o treinamento dos profissionais o projeto estará em pleno funcionamento”,
anuncia.
Bárbara
ressalta que após a implantação do projeto será realizado acompanhamento com
coleta de dados nos hospitais, reavaliação do diagnóstico precoce do IAM, do
tempo para perfusão, mortalidade intra-hospitalar e complicações
intra-hospitalar para avaliar as dificuldades encontradas e o impacto da
iniciativa sobre os indicadores de saúde na região.
Ricardo
Afonso Veloso, presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Rede de
Urgência do Norte de Minas (Cisrun), ressalta que o projeto vai melhorar o
acesso ao atendimento. “A introdução da tecnologia possibilitará aos médicos
maior agilidade no diagnóstico, contribuindo para racionalizar os serviços
prestados, promovendo mais autonomia e impactando sobremaneira o serviço”,
explica.
APLICAÇÃO
As
doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Estado, respondendo
por 28% das mortes registradas em 2010, conforme dados do Datasus. No Norte de
Minas a mortalidade por IAM é alta e acima da média nacional (18,2% versus
15,1%).
Antônio
Luiz Pinho Ribeiro, coordenador Geral do Minas Telecárdio, observa que a
maioria dos serviços de cardiologia e cirurgia cardiovascular se concentra nos
grandes centros urbanos, dificultando o acesso dos habitantes de cidades
pequenas ao diagnóstico simples, como eletrocardiograma, sendo necessário seu
deslocamento por longas distâncias. “Como o diagnóstico do infarto se baseia
primeiramente no eletrocardiograma de 12 derivações, a rápida e adequada
interpretação do exame vai reduzir sensivelmente o tempo entre o diagnóstico e
intervenção”, avalia o médico.
Nos
seis primeiros meses de acompanhamento realizado pelo Minas Telecárdio, foram
analisados 866 casos, sendo 458 casos de síndrome coronariana aguda. Destes,
155 casos (33,8%) eram IAM com supradesnivelamento do seguimento ST; 58 casos
(12,7%) IAM sem supradesnivelamento do seguimento ST; e 245 casos (53,5%),
angina instável.
Dos
155 pacientes com IAM com supra, 114 realizaram angioplastia primária, quatro
receberam fibrinolítico, e foram realizadas duas angioplastias de resgate. A
taxa de mortalidade nestes casos foi de 16,1%. Nos pacientes submetidos à
angioplastia primária a mortalidade foi de 15,8%.
O coordenador médico do SAMU Macro Norte, Enius Freire
Versiani, diz que com o projeto a expectativa é reduzir sensivelmente a
morbidade e mortalidade por doenças cardíacas na região. “Essas doenças
respondem por um terço dos chamados para casos clínicos registrados pela
Central de Regulação do Samu”, observa o médico. (Fonte: Ascom/Samu Macronorte)
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