Foto Oliveira Júnior
A audiência
pública referente aos efeitos ambientais da mineração sobre a barragem Bico da
Pedra foi no centro cultural de Janaúba.
JANAÚBA
(por Michelly Oda/ G1 Grande Minas) – O Norte de Minas Gerais, conhecida por
ter raízes na agricultura e pecuária, está se tornando foco de uma nova
atividade econômica, a mineração. Empresas nacionais e multinacionais têm a
intenção de extrair as jazidas da região, algumas já iniciaram as obras para se
instalarem. Por
se tratar de uma situação recente, os moradores temem aos impactos que podem
ser gerados, principalmente em relação ao solo e a água. Com o objetivo de
discutir as questões relacionadas à mineração, foi realizada uma audiência
pública em Janaúba, nessa quinta-feira, dia 25 de abril, promovida pelo
Ministério Público e com a participação da população e de membros da empresa Mineradora Riacho dos Machados.
Foto Oliveira Júnior
Delegado de Polícia Civil Bruno Ricardo Amaral; Carlos
Eduardo Aguiar, chefe gabinete da Prefeitura de Janaúba; vereador Pauleca, presidente
da Câmara de Janaúba; promotor de Justiça Fabrício Costa; promotora de Justiça
Ana Eloisa Marcondes; Tenente Coronel PM Klevson Pires e Sargento Bombeiro
Claudionor Ribeiro.
O
Ministério Público disse que está acompanhando as atividades da empresa desde o
início. O órgão elaborou um Termo de Ajustamento de Conduta, TAC que estabelece
algumas condições que devem ser cumpridas. O documento deve ser assinado na
segunda quinzena de maio. "Estamos acompanhando o licenciamento e
promovendo discussões com a empresa. No TAC há uma cláusula que prevê a
contratação de uma empresa de auditoria interna para verificar o projeto e a
execução da obra", diz a promotora Ana Eloisa Marcondes da Silveira, que
coordena as Promotorias de Justiça do Meio Ambiente do Norte de Minas. O
fato de a mineradora ser instalada em Riacho dos Machados, não dimuniu o receio
dos moradores de Janaúba. Eles apontam que os rejeitos da extração serão
despejados em um reservatório que ficará próximo ao ribeirão Curral Novo, que
desagua no rio Gorutuba, cujas águas vão para a barragem do Bico da Pedra,
utilizada para a irrigação.
"A
água é tudo para nós. Vivemos em uma região em que ela é pouca, se ainda
ocorrer poluição, nossa produção ficará comprometida e teremos que deixar o
campo", diz Antonino dos Anjos, produtor rural de banana desde 1986. O
medo dos agriculturores está relacionado principalmente à banana, que é a
principal cultura produzida em Janaúba e que depende diretamente da irrigação,
feita por meio da barragem Bico da Pedra.
Foto Oliveira Júnior
Marco
Antônio Fernandes, gerente de meio ambiente da Mineração Riacho dos Machados.
Para
a vice-coordenadora do pólo norte-mineiro da Federação dos Trabalhadores Rurais
de Minas Gerais (Fetaemg), Maria de Lurdes Nascimento, o empreendimento de
mineração é prejudicial à natureza.
"Estou
aqui em defesa da vida. A pouca água do semiárido está correndo o risco de ser
contaminada pela mineração. Toda a explicação é dada com palavras muito
técnicas, que nós agricultores nem conseguimos decifrar", diz. Apesar
de a população estar apreensiva com a mineração, o gerente de meio ambiente da
Riacho dos Machados, Marco Antônio Fernandes, disse que "podem ficar
tranquilos, jamais colocaríamos em risco a vida das pessoas".
Marco
Antônio disse também que as discussões são importantes para prestar
esclarecimentos à população. "É impossível conduzirmos um projeto como o
nosso, sem nos cercamos de todos os cuidados, dispomos de vasta gama de
tecnologia e temos um histórico em matéria de conservação e preservação." Sobre
a liberação de produtos nocivos à saúde, o cianeto e o arsênio, o gerente de
meio ambiente afirmou que a empresa age de forma consciente e ressaltou que a
mineradora domina as formas de manipulação, transporte, descarte e
armazenamento dos elementos, por isso não oferecem riscos. (Fonte: InterTV)
Comentários