FUNORTE FACULDADES DE JANAÚBA
COM TÉCNICA, LIMÃO DA JAÍBA GANHA O MUNDO
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Fotos Ascom Senar Minas/Regional Montes Claros
São mais de dois mil hectares de área com plantio
de limão na região.
JAÍBA (por Ricardo
Guimarães) – Delvani Nogueira da Silva tem mais de 25 anos de experiência com a
produção rural, sendo boa parte deste tempo dedicado ao plantio de limão.
Morador de Jaíba, Norte de Minas, ele apostou nesta cadeia aproveitando o
projeto de irrigação que tornou a região polo de fruticultura nacional. Porém,
foram muitas idas e vindas antes de começar a colher os melhores resultados.
“Eu cheguei a parar o plantio por um tempo, derrubei os pés do fruto, retomando
só em 2016, quando me associei aos demais produtores, já visando os mercados
interno e externo”, lembrou.
Uma importante chave
dessa transformação foi a atuação técnica por meio da capacitação profissional.
O produtor foi um dos concluintes da primeira turma do Programa de Assistência
Técnica e Gerencial (ATeG) realizado pelo Sistema Faemg Senar, em parceria com
o Sindicato dos Produtores Rurais de Jaíba/Matias Cardoso. Delvani tem hoje, em
média, 25 toneladas por hectare/ano de produtividade.
“Tivemos alguns problemas
para atingir o nível de produção. Quando chegou o ATeG demos um salto. Hoje o
trabalho técnico é essencial. É preciso ser o mais profissional possível para
sobreviver na atividade, especialmente o pequeno produtor. Não dá para arriscar
perder as plantas, porque cada uma dessas vai impactar em vários meses para
voltar ao ciclo produtivo novamente. Felizmente estamos conseguindo chegar em
um padrão sustentável”, Delvani Nogueira.
Nível exportação
A ligação do limão de
Jaíba, do tipo tahiti, com a exportação, começou por volta de 2010, com as
primeiras iniciativas de levar o fruto para a participação em feiras na Europa.
Desde então, a cadeia produtiva foi se adaptando às novas exigências do
mercado, buscando certificações de qualidade de diversos centros comerciais e
tornando os empreendimentos mais profissionais. Somente entre as regiões de
Jaíba e Matias Cardoso são mais de dois mil hectares de área com plantio de
limão.
“O sindicato tem feito um
trabalho para incentivar novos produtores, mas também para que todos comecem a
buscar melhorias produtivas, para atingir as certificações do mercado, porque
só melhorando o produto para ter maior retorno no negócio. E o caminho envolve
buscar tecnologias, melhores tratos culturais, aprimoramento do trabalho em
campo e, além disso tudo, é preciso gestão para saber o que está sendo
investido e ter retorno final viável”, pontua Ciro Souza de Paula, presidente
do Sindicato Rural de Jaíba/Matias Cardoso.
Aliado ao trabalho do
sindicato, Sistema Faemg e das demais entidades, dois grupos reúnem, em formato
de associativismo, a maior parte dos produtores da cultura do limão, sendo eles
a Associação dos Produtores de Limão – Aslim, e a Associação União dos
Fruticultores do Jaíba e Região – Afrutja. São cerca de 35 produtores nestas
entidades, que entregam ao mercado externo, por ano, de 120 a 150 containers
com 24 toneladas cada. Nos últimos meses o grupo tem participado de rodadas de
negócios do Programa AgroBR, através da Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil – CNA, e se orientado ainda mais para as exportações.
“Com volume regular de
limão certificado, e com maior grau de profissionalismo, passamos a ter maior
entrada no mercado. Hoje temos atuação técnica nas propriedades, com todas as
entidades caminhando juntas, o que representa um pacote de boas práticas que
foram realizadas e estão em pleno exercício. Temos produtores mais antigos no
grupo que saíram de um histórico de exploração, para essa estratégia de mercado
internacional, que tem retorno significativo, mas exige contrapartida dos
produtores, que foram e seguem capacitados, agregando valor maior à
exportação”, comenta Marlon José Meira Jardim, produtor que atua como oficial
fairtrade das entidades, e responsável por garantir todos os requisitos das
exigências do mercado.
Dinamização em pauta
Para manter este
crescimento produtivo com profissionalização e de olho nos novos mercados, os
produtores de limão participaram de uma palestra específica sobre exportação do
fruto, um dos destaques durante a primeira edição da Feira Agropecuária de
Jaíba, realizada no fim de abril. O consultor do Programa AgroBR para Minas
Gerais, Paulo Március Campos, conduziu o tema e realizou ainda visita a
produtores e empresas durante o evento, para alinhar métodos de trabalho e
novas parcerias para a exportação.
“O potencial que se tem
aqui é gigantesco, com uma área infinitamente maior que outros polos de
fruticultura. O manejo, por meio dos técnicos de campo, o trabalho porteira
adentro do ATeG, ajudou a atingir níveis de produtividade e excelência, gerando
as certificações e organização dos produtores. Estamos somando esforços para
impulsionar ainda mais as exportações, desde os pequenos produtores e
associações até os médios e grandes investidores”, detalha o consultor do
AgroBR.
A União Europeia é o
principal destino comercial, mas é preciso que os produtores passem a também
dinamizar o produto a ser ofertado para manter a competitividade. Segundo Paulo
Március, o produto in natura do limão, desde o processo até a venda, tem perda
de até 1/3, o que pode ter impacto nas contas finais do produtor rural.
“O que vemos é que a
Jaíba possa ser também um centro de processamento de frutas e não só produção.
Do limão não se faz só a limonada. Existe mercado para produtos beneficiados,
para a indústria farmacêutica, indústria de cosméticos, além de vários outros
tipos de produtos que podem ser feitos. Este salto é importante para abastecer
tanto o mercado interno e o excedente a ser exportado, agregando valor e
trabalhando o conceito de cadeia produtiva. Não podemos pensar em ir para o mercado
internacional só pensando em momentos que o preço do produto está ruim no
Brasil. A exportação precisa ser atividade regular e rotineira, com essas
diversas alternativas de produtos”, opina Paulo Március.
Durante a palestra, o
consultor do AgroBR detalhou todo o caminho para se atingir novos mercados e o
atual panorama comercial das frutas do Brasil no exterior. Antônio Brito, que é
produtor de limão há 11 anos, estava na plateia. Ele chegou a ter 15 hectares
de plantio da fruta, mas com as variações de preços viu a necessidade de
reduzir a produção para sete hectares. Agora ele espera voltar com maior
empenho, visando também participar das rodadas de exportação. “É preciso tratar
melhor para melhorar a produtividade. Tive dificuldades com os preços do
mercado interno e agora busco atingir as exigências para o mercado
internacional. Vim buscar mais conhecimento, porque a expectativa é aumentar e
melhorar a produtividade, agregar mais valor”, ponderou. (Fonte: Ascom do Senar
Minas Regional de Montes Claros)
Comentários