FUNORTE FACULDADES DE JANAÚBA
MORRE O JORNALISTA AMÉRICO MARTINS FILHO, DONO DO ANTIGO JORNAL DO NORTE; ELE COMANDOU EM 1996 A ÚLTIMA VIAGEM DO TREM DE PASSAGEIROS NO NORTE DE MINAS
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Fotos Oliveira Júnior e Divulgação
Jornalista Américo Martins Filho ao lado dos jornalistas Fernando Lucas e Oliveira Júnior.
*Algumas reportagens do Jornalista Oliveira Júnior foram publicadas no Jornal do Norte, do jornalista Américo Martins Filho. O Jornalista Oliveira Júnior também fez parte do grupo de convidados por Américo Martins que coordenou a última viagem do trem de passageiros pelo Norte de Minas, em 1996.
MONTES CLAROS (por
Oliveira Júnior) – A Imprensa do Norte de Minas está em luto pela morte do
jornalista e empresário da comunicação Américo Martins Filho, nesta segunda-feira,
dia 12 de abril. Aos 81 anos de idade ele não resistiu à enfermidade que o
levou a ficar um mês internado em unidade hospitalar desta cidade, onde morava.
Américo Martins Filho ou
Amerquim, como era mais conhecido, faleceu na madrugada de hoje na Santa Casa
de Montes Claros onde estava internado desde o dia 15 de março devido a
complicações provocadas pela Covid-19.
Embora estivesse afastado
efetivamente da imprensa após a paralisação das atividades do Jornal do Norte, nos
anos 2000, Américo Martins era uma referência da imprensa regional. Fundado do
Jornal do Norte em 1979, ele reunia não somente a dedicação profissional com
reportagens e a direção do jornal, assim como mantinha um invejável acervo da
Imprensa com exemplares de jornais encadernados sendo uma riquíssima fonte de
informação e da história de Montes Claros e do Norte de Minas.
Em 1996, o jornalista e empresário
da comunicação Américo Martins Filho comprou todas as passagens do último vagão
da locomotiva na viagem de ida e volta de Montes Claros para Monte Azul,
passando por Janaúba. Foi um marco histórico, pois nesse vagão Américo Martins
viajou em companhia de jornalistas de vários jornais, emissoras de rádio e televisão,
revistas, escritores, artistas, políticos e outras personalidades com a finalidade
em registrar a que seria a última viagem do trem de passageiros no Norte de
Minas. Isso foi nos dias 4 e 5 de setembro de 1996.
Em dezembro de 2014,
Américo Martins Filho foi homenageado durante o tradicional Encontro da
Imprensa do Norte de Minas, evento de confraternização entre os trabalhadores
dos meios de comunicação.
Leia a seguir uma crônica
do jornalista Felipe Gabrich em homenagem ao amigo Américo Martins Filho por
ocasião do aniversário de Amerquim. Gabrich republicou essa crônica hoje em
alusão ao falecimento de jornalista e empresário da comunicação.
Até mais ver
(*) Felipe Gabrich
Embora com os olhos
tomados pelas lágrimas, eu não vou chorar.
Talvez se fosse eu, ele
também não choraria.
Os verdadeiros amigos são
assim.
Eles partem com o
silêncio engasgado dos que ficam.
Prefiro fingir saber do
ex-patrão e amigo como se vivo estivesse lá na Rocinha com seus cães.
E outra homenagem de
despedida eu não poderia prestar-lhe senão com a republicação de recente
crônica que fiz dedicada a ele.
Feliz Natal, Amerquim
Fazendeiro.
Cavaleiro do Urucuia.
Jornalista.
Empresário dos ramos
imobiliário e da comunicação.
Dono de jornal.
Ex-aluno do Granbery.
Sonhador.
Ele faz de tudo um pouco.
E é uma pessoa vitoriosa.
Excêntrico, de pouca
fala, quase modesto por inteiro.
Ele sempre me lembrou um
capo, chefe de família siciliana.
Mas, um poço de bondade,
sem violência.
Por isso mesmo, eu sempre
o tratei carinhosamente de dom.
Dom Martins de Corleone.
Ele me ensinou muito.
A mim e a uma meia dúzia
de sonhadores que passaram pelo seu jornal.
Foi batizado Américo
Martins Filho, em homenagem ao pai, que muito fez por Montes Claros.
Mas os amigos o chamam
carinhosamente de Amerquim.
Sua grande façanha foi
dar a Montes Claros um veículo de comunicação moderno.
Associou-se ao liberal
Tone Santos e fundou um novo matutino.
O imponente Jornal do
Norte.
Bonito graficamente e
rico em notícias de todas as áreas.
A comunidade montes-clarense,
do doutor ao operário, conheceu de perto e se recorda até hoje do verdadeiro
jornalismo praticado pelo aguerrido periódico.
A isenção. A
imparcialidade. A crítica contundente.
Ainda estão na memória
dos leitores de todas as classes, as cobranças feitas pelo JN às autoridades
competentes, em todas as áreas e esferas administrativas.
Para os funcionários,
administrativos e operacionais, era exigente, mas extremamente humano.
Nunca precisou exigir
alguma coisa com os rigores de patrão.
Impunha uma linha
editorial, mas dava liberdade de criação aos editores e repórteres do seu
jornal.
Mesmo enfrentando
dificuldades de toda ordem, o destemido Amerquim arranjava sempre um jeito para
arrebanhar parceiros para manter vivo o seu grande sonho, o jornal.
E com galhardia, comandou
durante três décadas o periódico, até a sua edição final, em fins do século
passado.
Com sua visão de
jornalista nato, criou novos tempos para a destemida imprensa da cidade.
Deixou para a Montes
Claros de amanhã, através de suas lideranças, reconhecer os seus feitos e
prestar homenagens à atura ao adorado filho.
Prefiro, no entanto,
falar sobre as virtudes do homem.
Amerquim ainda por ai,
tocando a sua marcenaria, cuidando de cachorros de rua e oferecendo uma nova
casa cultural à sua cidade, que eu acho que foi uma maneira que ele encontrou
para continuar exercendo o jornalismo.
Já está à disposição da
comunidade o rico patrimônio do Acervo Histórico Américo Martins Filho.
Por enquanto, a entidade
vem funcionando nas dependências da encantadora e romântica Rocinha, um sítio
afastado do cento da cidade de mil e uma utilidades.
Amerquim fez do local a
sua segunda moradia.
É lá que está o seu
escritório de negócios.
É lá que se encontram os
carros antigos que ele faz questão de manter e exibir para os amigos.
A oficina de marcenaria.
O canil feito casa dos
cachorros de rua.
A sede do Acervo
Histórico.
Há, também, um campinho
de futebol soçaite, gramado, desativado.
Era ali, nos bons tempos
da juventude, o cenário de animadas peladas.
A Rocinha sempre foi um
local encantado.
Com seus gigantescos
eucaliptos na entrada principal.
Com suas imponentes
mangueiras e outras árvores ornamentais internas, se parece com um jardim.
Neste mês, mais
precisamente no dia 26, Amerquim faz mais um aniversário.
E eu não poderia deixar
de cumprimentá-lo à la jornalista, dedicando-lhe uma crônica, para relembrar o
dia em que ele, depois de iluminar as árvores da Rocinha, em pleno mês de
outubro, com lâmpadas coloridas, me disse baixinho entre sorrisos:
- Para mim, todo dia
tinha que ser Dia de Natal!
(*) Jornalista, com muito
orgulho!
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