- “Trabalhamos
no limite para oferecer o melhor atendimento ao público, mas somos limitados
pela ausência de alguns medicamentos, exames e estrutura”.
- “Escalas
médicas estão em aberto, muitas vezes com apenas 1 profissional trabalhando no
Pronto Socorro, embora um mínimo de 2 médicos seja necessário para atendimento
ao público”,
- “Acordos
que foram realizados, não são cumpridos pelo Hospital Regional e Secretaria de
Saúde. Tem se tornado inviável manter um vínculo com o hospital”
- “Faltam
equipamentos essenciais ao bom funcionamento do hospital, como um tomógrafo
para a realização de tomografias diversas. Respiradores mecânicos estão
sucateados e em números insuficientes para atender as emergências”.
JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Desde a noite dessa quinta-feira, dia 8 de agosto,
circula pelas redes sociais uma carta atribuída a equipe de médicos na qual
retrata a triste realidade no sistema hospitalar desta cidade. Desde a falta de
medicamentos, aparelhos sem funcionar há tempo e constantes atrasos do
pagamento salarial com o risco de uma paralisação geral, o documento comprova o
caos no Hospital Regional de Janaúba, na verdade é uma instituição municipal
mantida pela Fundação Hospitalar de Janaúba ligada à administração pública
municipal.
Sem
receber há quatro meses, os profissionais da Medicina mencionam na carta que
trabalham no “limite para oferecer o melhor atendimento ao público, mas somos
limitados pela ausência de alguns medicamentos, exames e estrutura”. Diante
dessa situação, vários profissionais já deixaram o Hospital Regional de
Janaúba. “Escalas médicas estão em aberto, muitas vezes com apenas 1
profissional trabalhando no Pronto Socorro, embora um mínimo de 2 médicos seja necessário
para atendimento ao público”, completa a equipe de médicos na carta aberta à
população.
Os
profissionais da saúde hospitalar expõem ainda o não cumprimento de acordos por
parte do Hospital Regional e Secretaria de Saúde. “Acordos que foram
realizados, não são cumpridos pelo Hospital Regional e Secretaria de Saúde.
Tem se tornado inviável manter um vínculo com o hospital, já́ que temos contas
a pagar, compromissos financeiros e outros tantos planos, como qualquer outra
pessoa. Somos humanos, somos pais, mães, filhos, maridos e esposas...
Trabalhamos dia e noite, sem final de semana ou feriado para descanso”,
completa.
Na
carta há relato da falta de medicamentos básicos como antibióticos, “estão
ausentes em nossa farmácia, muitas vezes obrigando-nos a substituir por outros
que não possuem a mesma eficácia”. Alguns profissionais até doam materiais
essenciais para que o atendimento de emergência e urgência não sejam suspensos.
“Faltam equipamentos essenciais ao bom funcionamento do hospital, como um tomógrafo
para a realização de tomografias diversas. Respiradores mecânicos estão
sucateados e em números insuficientes para atender as emergências. Os pacientes
se acumulam nos corredores do Pronto Socorro por falta de leitos nas
enfermarias e CTI”, citam.
Outro
relato um tanto agravante diz respeito à escassez de recursos humanos o que, na
maioria das vezes, levam os profissionais (médicos, enfermeiros, técnicos) a
redobrarem as suas funções e cobrirem plantões com o objetivo de salvar aqueles
com maior risco de morte. “Ainda assim, há uma sobrecarga de pacientes para um
reduzido número de médicos, sendo que no Hospital Regional a relação de
paciente atendidos por médico é superior ao preconizado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS)”, informam os profissionais.
Eis
a carta da equipe médica à população
À população de Janaúba e
autoridades competentes
A equipe médica do
Hospital Regional de Janaúba (HRJ) vem a público prestar informações e
esclarecimentos sobre a atual situação em que nos encontramos dentro da
referida instituição. Essa carta é um desabafo e um pedido de socorro do corpo
clínico do HRJ, que luta diariamente a favor da vida, mesmo frente a inúmeros
obstáculos.
O Hospital Regional de
Janaúba é referência microrregional para 15 municípios (Catuti, Espinosa,
Gameleiras, Jaíba, Janaúba, Mamonas, Matias Cardoso, Mato Verde, Monte Azul,
Nova Porteirinha, Pai Pedro, Porteirinha, Riacho dos Machados, Serranópolis de
Minas e Verdelândia), abrangendo uma população de aproximadamente 275 mil
pessoas. Mensalmente são realizadas mais de 3.000 consultas no Pronto Socorro,
além de centenas de internações e procedimentos cirúrgicos.
São décadas de
existência, com milhares de vidas salvas, inúmeros atendimentos realizados,
dores aliviadas e curas alcançadas. Perdemos sim várias vidas... Infelizmente!
Mas jamais faltou empenho e amor em salvar vidas. Trabalhamos no limite,
oferecendo o que temos de melhor, mesmo em condições não tão favoráveis. Faltam
medicamentos, exames básicos e uma infraestrutura que nos permitam trabalhar
com toda excelência que a população merece.
Medicamentos básicos,
como antibióticos, estão ausentes em nossa farmácia, muitas vezes obrigando-nos
a substituir por outros que não possuem a mesma eficácia. Faltam equipamentos
essenciais ao bom funcionamento do hospital, como um tomógrafo para realização
de tomografias diversas. Respiradores mecânicos estão sucateados e em números
insuficientes para atender as emergências. Os pacientes se acumulam nos
corredores do Pronto Socorro por falta de leitos nas enfermarias e CTI. Já
faltou alimento dentro do HRJ.
A escassez de recursos
humanos, materiais e de estrutura leva a priorização de atendimentos, com o
objetivo de salvar aqueles com maior risco de morte. Ainda assim, há uma
sobrecarga de pacientes para um reduzido número de médicos, sendo que no
Hospital Regional a relação de paciente atendidos por médico é superior ao
preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Trabalhamos no limite para
oferecer o melhor atendimento ao público, mas somos limitados pela ausência de
alguns medicamentos, exames e estrutura.
Frente a este ambiente de
recursos escassos, estrutura deficiente e sobrecarga de trabalho, vários
profissionais médicos já deixaram o Hospital Regional de Janaúba. Escalas
médicas estão em aberto, muitas vezes com apenas 1 profissional trabalhando no
Pronto Socorro, embora um mínimo de 2 médicos sejam necessários para
atendimento ao público.
Somem a tudo isso que foi
dito, um salário atrasado em mais de 120 (cento e vinte) dias, sem perspectivas
de melhora, com tendência a piora. Acordos que foram realizados, não são
cumpridos pelo Hospital Regional e Secretaria de Saúde. Tem se tornado inviável
manter um vínculo com o hospital, já que temos contas a pagar, compromissos
financeiros e outros tantos planos, como qualquer outra pessoa. Somos humanos,
somos pais, mães, filhos, maridos e esposas... Trabalhamos dia e noite, sem
final de semana ou feriado para descanso. Temos o direito de receber pelo nosso
tão suado e importante trabalho. Mas não estamos recebendo o que nos é devido.
Ainda assim, estamos aqui atendendo a toda população.
Apesar do exposto, sempre
convivemos com críticas, queixas, reclamações, denúncias e até agressões.
Sabemos que é preciso melhorar, mas a verdadeira realidade está demasiadamente
oculta aos olhos da população. Convivemos com um ambiente de incertezas e
insegurança, para todos.
O cenário atual afasta
qualquer outro profissional que eventualmente queira trabalhar por aqui.
Lutamos não apenas por salários em dia, mas também por uma melhor estrutura
para atendimento de toda a população. Não somos responsáveis por todas as
mazelas do Hospital Regional de Janaúba. Somos tão vítimas como todos vocês.
Vítimas do descaso público, da falta de estrutura, de medicamento e recursos.
Lutamos diariamente para fazer um Hospital Regional melhor e por isso, viemos
expor ao público o atual cenário do hospital. EXIGIMOS MUDANÇAS! EXIGIMOS
RESPEITO!
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