GOIÂNIA/GO
(por Luiz Calcagno e Walder Galvão) – A Justiça Goiana decidiu liberar o bispo
e os padres presos durante a Operação Caifás, deflagrada pela Polícia Civil e
pelo Ministério Público do Estado. As investigações resultaram na prisão do
chefe da Igreja Católica em Formosa (GO) e outras 33 paróquias, dom José
Ronaldo Ribeiro, do imediato dele, o vigário-geral, monsenhor Epitácio Cardozo
Pereira, e outros quatro sacerdotes, incluindo um juiz eclesiástico de São
Paulo.
O
grupo é acusado de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e apropriação
indébita de valores que pertenciam à Cúria de Formosa. O Tribunal de Justiça de
Goiás (TJGO) aceitou o pedido de habeas corpus dos acusados nesta terça-feira,
dia 17 de abril.
A
expectativa, de acordo com o promotor do MPGO, Douglas Chegury, é que eles
sejam liberados até o fim da tarde de hoje. O MP ainda não foi oficiado sobre a
liberação. “Nós ainda não tivemos acesso à decisão. Vamos aguardar ter acesso
ao teor para analisarmos que medida tomar”, afirmou Chegury.
Para
o advogado do bispo, Lucas de Castro Rivas, não há materialidade do crime de
associação criminosa. "O bispo não oferece risco a ordem pública nem a
instrução penal", frisa. No entanto, ele destaca que a Justiça pode impor
medidas cautelares, como proibição de saída do país e um toque de recolher.
Agora, a defesa vai à Formosa agilizar o processo de soltura do religioso.
Foram
liberados o bispo dom José Ronaldo Ribeiro, o vigário-geral Epitácio Cardozo
Pereira, o pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, de Formosa,
Moacyr Santana, o pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa, Mário
Vieira de Brito, o pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse (GO), Waldson
José de Melo, e dois empresários acusados de serem laranjas do grupo, Pedro
Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira.
Os
sacerdotes têm, por obrigação, “proibição de se ausentarem do país ou da
comarca sem autorização judicial; comparecimento mensal ao juízo de origem para
informar e justificar suas atividades; obrigação de comparecer a todos os atos
judiciais para os quais forem intimados no processo principal; obrigação de informar
ao juízo de origem qualquer mudança e atualização de endereço; e recolhimento
domiciliar a partir de 22h”.
Confira
a participação de cada acusado no suposto esquema, segundo o MPGO:
Dom
José Ronaldo Ribeiro, bispo de Formosa
Apontado
como líder da quadrilha, responderá por 10 acusações de apropriação indébita
qualificada (por estar no exercício do ofício enquanto cometia os crimes); por
falsidade ideológica; e por associação criminosa (antiga formação de
quadrilha).
Epitácio
Cardozo Pereira, vigário-geral
Segundo
na hierarquia da diocese de Formosa, responderá por apropriação indébita
qualificada (falta tipificar o número de vezes que teria cometido o crime) e
associação criminosa. Na casa dele, a Polícia Civil de Goiás apreendeu mais de
R$ 70 mil em dinheiro, relógios de luxo e equipamentos eletrônicos em um fundo
falso no guarda-roupas.
Moacyr
Santana, padre
Pároco
da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Formosa, responderá por
apropriação indébita qualificada pelo fato de cometer crime no exercício do
ofício, por lavagem de dinheiro e por associação criminosa. O MPGO encontrou o
nome do sacerdote em notas promissórias que o ligariam a uma casa lotérica em
Posse (GO).
Mário
Vieira de Brito, padre
O
pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa, responderá por apropriação
indébita com a mesma qualificadora dos anteriores, além de ser acusado de
falsidade ideológica e associação para o crime. Ele foi flagrado em escutas
telefônicas comemorando, com Moacyr, a chegada de um juiz eclesiástico, para
intimidar sacerdotes contrários ao esquema, segundo o MPGO.
Waldson
José de Melo, padre
Pároco
da Paróquia Sagrada Família, em Posse, responderá duas vezes por apropriação
indébita qualificada, além de associação criminosa.
Thiago
Wenceslau de Barros Barbosa Júnior, padre
Juiz
eclesiástico, responderá por falsidade ideológica e associação para o crime.
Ainda é suspeito de receber dinheiro para intimidar padres que denunciaram o golpe
e de participar da falsificação de um documento que apresentava auditoria nas
contas da diocese.
Continua
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Antônio
Rubens Ferreira, empresário
Responde
por lavagem de dinheiro. Emprestaria o nome e documentos para a compra de bens
móveis e imóveis.
Pedro
Henrique Costa Augusto, empresário
Responde
por lavagem de dinheiro. Emprestaria o nome e documentos para a compra de bens
móveis e imóveis.
Guilherme
Frederico Magalhães, secretário da Cúria de Formosa
Responderá
por apropriação indébita qualificada e associação criminosa.
Darcivan
da Conceição Sarracena, funcionário da diocese de Formosa
Responderá
por falsidade ideológica e associação criminosa.
Edimundo
da Silva Borges Júnior, advogado da diocese
Pesam
contra ele as acusações de falsidade ideológica e associação criminosa.
(Fonte:
jornal Correio Braziliense)
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