Foto José Ambrósio
Parte das casas do
residencial Dona Lindu debaixo d`água.
CIDADE SOFRE HÁ ANOS COM A DEFICIÊNCIA NA
DRENAGEM DAS VIAS PÚBLICAS
PREFEITO YUJI TENTOU FINANCIAMENTO PARA INVESTIR
EM DRENAGEM NOS BAIRROS SANTO ANTÔNIO E SANTA CRUZ, MAS A CÂMARA NÃO VOTOU O
PROJETO DE LEI
PREFEITURA ABRE CANAL DA AVENIDA ECOLÓGICA,
CONSTRUÍDA HÁ MAIS DE 10 ANOS, PARA ESCOAR ÁGUA DA LAGOA DO DENTE GRANDE, HOJE,
DIA 12 DE DEZEMBRO DE 2017
Foto Wal Lourenço
Vala sendo aberta na pista da
avenida Ecológica para escoar água da lagoa do Dente Grande ao canal que
direciona ao rio Gorutuba.
JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – A quem diga que praticamente toda a área que hoje é a
cidade de Janaúba já foi inundada. Pelo formato geográfico isso é possível,
sobretudo pelo fato de que toda a extensão da avenida Ecológica – inicia,
apesar de não ter sido concluída, na rodovia BR-122 e segue até o rio Gorutuba,
no bairro Rio Novo – foi área vazante do rio Gorutuba.
Foto
Paulo & Galego/2011
Residencial Dona Lindu sendo construído em 2011. No
lado direito da foto é a parte mais baixa e perto da área inundável da lagoa do
Dente Grande.
Daí
se entende que o investimento nessa avenida (lamentável que a obra fico no meio
do caminho) tem como finalidade não a via pública, mas sim o canal para a
drenagem. Algumas pessoas queixam da largura desse dreno diante de uma pista
curta da avenida. Entretanto, quem teve oportunidade de analisar dados do
Departamento Nacional de Obras Contra Seca (Denocs) referente à seca e chuvas
de décadas passadas, inclusive muito antes de Janaúba se tornar cidade, irá
compreender a necessidade do tamanho e profundidade desse canal da avenida
Ecológica. Teve época de chuvas torrenciais num mês.
Antes
da construção do canal e da avenida Ecológica era comum presenciar a escola
estadual Oscar Porto (desativada recentemente), no bairro Esplanada, ficar
ilhada. As aulas eram suspensas devido à inundação. Aquele trecho era
transformado em “lagoa”. Bom, a avenida Ecológica resolveu, em parte, os
problemas de drenagem e até de circulação. Porém, faltam a conclusão dessa obra
e a implantação de passarelas para facilitar o trânsito de pessoas.
Janaúba
é literalmente uma cidade plana. Mesmo assim tem alguns acidentes topográficos
que revelam as chamadas “bacias”, caso dos bairros Santa Cruz, Santo Antônio,
Ribeirão do Ouro e São Gonçalo. O então prefeito Yuji Yamada, no final de 2015,
tentou o empréstimo de R$ 1,5 milhão via Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
(BDMG) para investir em drenagem nos bairros Santo Antônio e Santa Cruz, lado
esquerdo da avenida Manoel Atayde (região das garagens das empresas Gontijo e
Transnorte). Ele não fez, uma vez que a Câmara Municipal não aprovou o projeto
de lei. Passados dois anos, nada foi feito e, pelo jeito, ficará sem solução
por mais tempo.
Outros
bairros também sofrem com a deficiência em drenagem. O bairro Cerâmica fica
numa área baixa e ao lado do canal da Ecológica, quer dizer, de uma antiga vazante
do rio Gorutuba, e também área susceptível para receber volume excedente da
lagoa do Dente Grande, esta é abastecida por vazantes, inclusive oriundas do
rio Quem Quem. O rio Quem Quem passa por área onde chove mais do que na cidade
de Janaúba e, com isso, vai pedindo passagem para ocupar os seus espaços.
O
residencial Dona Lindu, do programa ‘Minha Casa, Minha Vida”, foi construído no
bairro Algodões, este também recebe demanda da lagoa do Dente Grande, nome de
bairro ao lado. O residencial inicia numa área alta, perto da BR-122, mas segue
em direção à área de demarcação da lagoa do Dente Grande, o que implica em
dizer, que parte das casas do residencial foi construída em terreno inundável.
A construção do residencial se deu em 2011 e começou a ser habitável no segundo
semestre de 2012, sem que os imóveis tivessem muro. As ruas haviam sido
pavimentadas. Casas sem muros, nesse caso, a privacidade e a segurança eram
quase inexistentes.
Mas,
com base em pesquisa, é notável que o residencial de Janaúba não era o único a
ser erguido em área de possível inundação. Há registros de casos semelhantes
pelo país. O detalhe é que no segundo semestre de 2009 foi realizado o Plano
Plurianual (PPA) da Prefeitura de Janaúba. Tanto na cidade quanto nos distritos
a pavimentação de ruas era a solicitação mais apontada pelos moradores. Nas
explanações era apresentada a importância da drenagem.
Foto
rede social
Lagoa do Dente Grande transborda e excedente ocupa área ao lado da
avenida Ecológica que tem canal pluvial.
Pelo
longo período de seca pela qual a cidade e região enfrenta talvez não se
imaginava que este mês de dezembro foi chuvoso. Isso porque dois anos atrás
choveu menos de 14 milímetros em Janaúba. Fato estranho e preocupante. No ano
passado a situação tentou normalizar com os 111 milímetros em dezembro. Mas,
agora, nos 12 primeiros dias de dezembro de 2017 choveu 228 milímetros, mais do
dobro do último mês do ano passado. Porém, independente do longo período de
estiagem, é preciso que a Prefeitura de Janaúba tenha mais rigor em seus
planejamentos.
Uma
demonstração clara de que há carência de planejamento foi a atitude tomada hoje
(12 de dezembro de 2017) pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos
da Prefeitura de Janaúba. Literalmente quebrou a avenida Ecológica.
Literalmente, não. Fez uma necessária intervenção. O diretor de Obras Marco
Antônio Correia colocou o pessoal da secretaria para abrir uma considerável
vala entre o canal da avenida Ecológica e o terreno ao lado que é demonstrada
como área inundável da lagoa do Dente Grande. Esse serviço visa proporcionada o
escoamento mais rápido possível do excedente da lagoa e, com isso, minimizar o
drama dos moradores que tiveram suas casas inundadas e até possíveis danos em
móveis e objetos.
Foto
rede social
Com a cheia na lagoa do Dente Grande parte do residencial do Dona
Lindu, no bairro Algodões, ficou inundada.
No
princípio citei a importância do largo e profundo canal da Ecológica.
Entretanto, menciono que a coordenação da obra talvez falhou no quesito de
recebimento o mais rápido possível do acúmulo da lagoa do Dente Grande, assim
como a falta de passarela para pedestres e também mais retornos para veículos.
Foto
rede social
Com a vala aberta na avenida Ecológica, entre os bairros Cerâmica
e Boa Vista, o excedente da lagoa Dente Grande é transferido para o canal
pluvial com destino ao rio Gorutuba.
O
detalhe é que dois meses atrás, em outubro, havia uma preocupação diante da
seca com a possibilidade de falta de água. Após alguns dias de chuva, agora é
realizada a liberação de água. Dez anos atrás, quando aconteceu a última cheia
na barragem do Bico da Pedra que transbordou com 85 centímetros acima do seu
limite teve um fato curioso em Janaúba. A cheia e transbordamento na represa
foi em fevereiro de 2017. Sete meses depois, em setembro daquele ano, a
população ficou sem o abastecimento de água por três dias, mesmo com a barragem
quase cheia. O fato foi devido a danificação do sistema de captação de água
para a estação de tratamento.
Para
finalizar, Janaúba com as suas deficiências em drenagem ou então a ocupação
desenfreada das áreas inundáveis.
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