Foto Luiz Ribeiro
Luiz Carlos Batista e Valda
de Abreu, marido e mãe da professora Heley de Abreu Batista: para família,
devoção deu forças para ato heróico.
JANAÚBA
(por Luiz Ribeiro) – Passadas as celebrações do dia de Nossa Senhora Aparecida,
em Janaúba muitos ainda se agarram à fé e à devoção à padroeira do Brasil para
entender ou suportar a dor da tragédia provocada pelo vigia Damião Soares dos
Santos, que em ataque à Creche Gente Inocente matou a si mesmo, além de nove
crianças e da professora Heley de Abreu Batista. Entre esses fiéis está o
próprio marido da educadora, o protético Luiz Carlos Batista. Ele conta que a
mulher era devota e credita à padroeira a força que ela teve para salvar várias
crianças das chamas, mesmo tendo sofrido tantas queimaduras.
Foto
Oliveira Júnior
Luiz Carlos encontrou no bagageiro do carro, usado por Heley
para ir à creche, as lembranças personalizadas com os nomes da turma de Heley
que ela iria entregar para cada aluno naquele dia 5.
A
devoção a Nossa Senhora Aparecida é confirmada pela mãe da professora, a
aposentada Valda Terezinha de Abreu. “A Heley tinha devoção pela padroeira
desde criança, e passou isso para os filhos”, lembra dona Valda. Há dois anos,
ela conta que a filha esteve em Bom Jesus da Lapa (BA), local muito procurado
pelo turismo religioso, e lhe trouxe uma imagem de Nossa Senhora Aparecida de
presente.
Dentro
da creche Gente Inocente, ficou preservada outra pequena imagem da santa,
levada por Heley. Chama a atenção o fato de que, apesar de a maior parte da
sala ter sido destruída, a peça continuou intacta. No mesmo local algum morador
aproveitou para colocar um rosário.
Foto
Oliveira Júnior
Luiz Carlos Batista com a foto da esposa e a imagem de Nossa
Senhora Aparecida: devoção.
A
relação de Heley com Nossa Senhora Aparecida é destacada pelo marido, ele mesmo
buscando na fé forças para sobreviver a mais uma provação. Desde que o casal se
uniu, em 1997, marido e mulher logo ingressaram na pastoral familiar da Igreja
de Nossa Senhora Aparecida de Janaúba, onde foi celebrada uma das missas em
intenção da professora.
Luiz
Carlos relembra que pouco tempo após o casamento eles passaram por uma imensa
dor: a perda do primeiro filho casal, afogado na piscina de um clube. “Achei
que minha vida tinha acabado ao perder meu filho. Mas foi Nossa Senhora que me
deu forças. Naquele momento, fiz um clamor a ela para me amparar. Ela me
atendeu”, diz Luiz Carlos.
Foto Oliveira Júnior
No canto da casa da mãe
Valda de Abreu, a planta que Heley mantinha com dedicação.
Ainda
muito abalado com a perda da esposa, Luiz contou que voltou a rogar à padroeira
do Brasil. “O momento que estou vivendo é muito doloroso, mas já me entreguei
nas mãos de Nossa Senhora para superar essa dor”. Para Luiz, foi a devoção à
santa que fez com que a mulher lutasse contra o vigia e conseguisse impedir uma
tragédia ainda maior, salvando várias crianças a custo da própria vida. “O
demônio mandou o mal, na forma de um homem, mas Jesus Cristo e Nossa Senhora
intercederam naquele momento por intermédio de uma mulher, que foi a Heley. Sei
que ela sofreu muito, pois teve 98% do corpo queimado, mas tenho certeza de que
Nossa Senhora interveio e aliviou a dor dela”, completa.
A
devoção da professora é destacada também pela aposentada Maria Aparecida
Miranda, de 62, moradora do Bairro Rio Novo, também devota da padroeira do
Brasil. “Tenho certeza de que foi Nossa Senhora que iluminou a professora Heley
para salvar as crianças. Ela foi uma guerreira. Nossa Senhora vai continuar
abençoando as famílias, para vencer a dor dessa tragédia”, disse Maria
Aparecida, que foi ao cemitério se despedir da professora e também acompanhou
os sepultamentos de várias crianças que foram vítimas do incêndio. (Fonte:
jornal Estado de Minas e portal Uai)
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