Foto Oliveira Júnior
Rio Congonhas com baixo
volume de água.
BOTUMIRIM
(por Girleno Alencar) – A Expedição Caminhos dos Gerais constatou que o rio
Congonhas, onde deverá ser construída a barragem homônima, está seco em várias
partes, inclusive permitindo que se faça a sua travessia a pé. A expedição
voltou a ser realizada depois de oito anos e os ambientalistas e pesquisadores
ficaram impressionados com a situação do rio, que é a esperança para resolver a
falta de água em Montes Claros. A expedição é formada por 28 pessoas,
distribuídas em sete carros, quando os participantes tiveram que andar mais de
um quilômetro a pé para chegar ao eixo da barragem. A expectativa é que as
obras sejam iniciadas no máximo em um ano. As águas de Congonhas serão
transpostas para o Verde Grande e salvará Montes Claros.
Foto Oliveira Júnior
Ribeirão de Areia, só
areia, na região de Itacambira e Botumirim.
Na
visita ao rio Congonhas, os expedicionários encontraram várias áreas sem água,
inclusive no eixo onde será construída a barragem. As cachoeiras que existiam
na sua área deixaram de existir. O cenário catástrofe levou os participantes a
discutirem se é possível que esse rio seja suficiente para socorrer Montes
Claros. Além disso, o impasse entre o Estado e União pela construção da barragem
provocou uma triste realidade: o porte da barragem, que teria inicialmente 90
metros de altura, acabou reduzido para 60 metros, depois que o Estado remodelou
o projeto.
Foto Oliveira Júnior
Outro recurso hídrico seco
na região de Itacambira e Botumirim.
O
coordenador do roteiro, Eduardo Gomes Assis, afirma que a realização da
expedição no rio Congonhas é para provocar uma discussão sobre a situação desse
rio, que de um lado é tomado por plantio de eucalipto e do outro, por campos
gerais. Na sua concepção, fazem muitas críticas ao plantio de eucalipto, quando
é uma atividade fundamental, tendo em vista que Minas Gerais precisa do carvão
produzido pelo eucalipto para sustentar a economia mineira, além de vários
benefícios usados pela população de forma geral. Na sua visão, o plantio
sustentável do eucalipto ajudaria muito a atender as demandas ambientais.
A
maior preocupação dos ambientalistas é que a Reflorestadora Plantar conseguiu a
outorga para retirar grande potencial de água. Suede Kennedy Botelho, que é do
Fórum de Territórios, informou que o Estado formou uma comissão com
especialistas para analisar a concessão da reflorestadora, inclusive sobre a
documentação das terras, pois existem muitos rumores de que são terras
devolutas usadas no plantio de eucalipto pela Plantar na região de Montes
Claros.
O
coordenador do roteiro, Eduardo Gomes, salienta que as negociações estão sendo
feitas para o plantio de eucalipto ser em no mínimo 100 metros das margens e
nascentes do rio Congonhas e outras bacias hidrográficas e que a Copasa está
estudante esse projeto, pois isso poderá ajudar a garantir água para Montes
Claros. A proposta é que a construção da barragem de Congonhas somente seja
autorizada se ocorrer uma compensação, como a criação de Parque Estadual ou
Área de Preservação, abrangendo todos os municípios cortados pelo rio
Congonhas. (Fonte: jornal Gazeta Norte Mineira, edição de 9 de setembro de
2017)
***O
Jornalista Oliveira Júnior fez parte da 5ª Expedição Caminhos dos Geraes a
convite do Instituto Grande Sertão, Fundação Genival Tourinho e da Secretaria
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Montes Claros.
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