PREFEITO
DE JAÍBA DEIXOU A PRISÃO NA ÚLTIMA SEXTA-FEIRA, APÓS HOMOLOGAÇÃO DE DELAÇÃO
PREMIADA
JAÍBA
(por Luís Cláudio Guedes) – Conforme antecipado pelo site Em Tempo Real (Luís
Cláudio Guedes), há 50 dias, o prefeito afastado de Jaíba, no Norte de Minas,
Enoch Vinicius Campos Lima (PDT), fechou acordo de delação premiada com o
coordenador da Promotoria de Justiça Regional de Defesa do Patrimônio Público
do Norte de Minas, promotor Paulo Márcio da Silva. Enoch deixou o Presídio
Regional de Montes Claros na última sexta-feira, dia 8 de abril, e agora cumpre
prisão domiciliar na casa de parentes.
A
delação de Enoch foi homologada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o que
abre caminho para a continuidade das investigações sobre o modus operandi da
azeitada máquina de corrupção que, segundo o Ministério Público, instalou-se na
Prefeitura de Jaíba ao longo dos últimos mandatos. As confissões de Enoch Lima
abrem espaço para mais uma rodada da dança de cadeiras que tomou conta da
Prefeitura de Jaíba nos últimos dois anos.
Uma
das condições constantes do acordo com o Ministério Público prevê a renúncia de
Enoch em definitivo ao cargo de prefeito, hipótese em que será necessária a
realização de eleição indireta pela Câmara Municipal no prazo de 30 dias,
contados a partir do protocolo da renúncia na secretaria da Casa. Por que
eleição indireta? O caso de Jaíba é muito específico, porque Enoch foi eleito
para o cargo de vice-prefeito nas últimas eleições municipais, em 2012, e só
assumiu a cadeira de prefeito após a Câmara de Vereadores ter cassado o titular
Jimmy Murça (PCdoB), em novembro de 2013. O impedimento do titular e do vice
após o segundo ano do mandato implica na realização de novas eleições, só que
pela via indireta. Quando a Câmara escolher o nome do prefeito-tampão para
encerrar o atual mandato, Jaíba terá assistido à sete trocas de mando no
principal gabinete da Prefeitura. Desnecessário dizer que não há município que
ter o mínimo de governabilidade com esse entra e sai de mandatários à frente
dos negócios públicos locais.
Prisão
às vésperas do Natal
O
quase ex-prefeito Enoch Campos foi detido pela Rodoviária Federal, em Montes
Claros, quando voltava de viagem a Belo Horizonte, um dia antes do último
Natal, em ação complementar à Operação 'Ração de Papagaio', deflagrada em março
do ano passado pelo Ministério Público, após investigação de pagamentos de
propinas em contratos diversos entre a Prefeitura de Jaíba e fornecedores.
Outros quatro assessores do prefeito Enoch foram presos na operação do final do
ano passado. Os secretários Acir Silva de Oliveira (Planejamento), Weverton
Silva Dias (Saúde), o advogado da Prefeitura Hudson Aparecido Pena Arruda, além
de Acir Silva, que seria assessor de gabinete. Ao que se sabe até aqui, apenas
Enoch teria topado fazer uso do instrumento da delação premiada.
Informações
de bastidores dão conta que Enoch contou os bastidores do esquema que burlava
licitações dos setores de saúde e limpeza pública. Os depoimentos do prefeito
afastado trazem para o centro da operação Ração de Papagaio ex-secretários
municipais, além de alguns dos 13 vereadores do município. Segundo uma fonte,
há boa possibilidade de que os novos desdobramentos das investigações em Jaíba
incluam o prefeito em exercício, Valdemir Soares da Silva (DEM), que assumiu o
cargo no final do ano passado, alguns dias depois da prisão de Enoch.
O
Ministério Público investiga o prefeito Valdemir e o agora presidente da Câmara
de Jaíba, Farrique Xavier da Silva (PSB), em processo relacionado ao pagamento
indevido de diárias a vereadores que simulavam viagens a trabalho. Esse
processo foi desmembrado pelo desembargador Eduardo Machado em decisão anterior
à prisão de Enoch e foi enviado para a Comarca de Manga, porque os vereadores
não têm foro privilegiado quando a ação tem foro criminal. Com a denúncia de
Enoch, não é ganha força a possibilidade de novas prisões de agentes públicos
em Jaíba. Quando nada, os novos capítulos dessa novela podem encurtar a
permanência de Valdemir e, por consequência, Farrique, nos cargos de prefeito e
presidente da Câmara.
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