POPULAÇÃO PREOCUPADA COM POSSÍVEL TRANSBORDAMENTO DA REPRESA DE REJEITO DA MINERAÇÃO DE RIACHO DOS MACHADOS ATINGIR O RIO GORUTUBA E A BARRAGEM DO BICO DA PEDRA
Fotos
Ewerton Barrichelo/rede social/internet
JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Empurra os móveis para lá, arrasta a cama para cá, coloque
uma vasilha em cima do guarda-roupa, desligue o televisor, o movimento de vai e
vêm com rodo. Isso sem contar que o sono demorou para surgir. Essa foi a cena
visível em quase todas as casas, bares e restaurantes nas cidades de Janaúba e
de Nova Porteirinha, aqui na região da Serra Geral de Minas, no final da noite
de ontem, sexta-feira, dia 20 de novembro, e a madrugada de hoje, sábado, 21.
Avenida Ecológica, em Janaúba: volume de água no canal quase transbordou. Água seguiu para o rio Gorutuba.
Uma
forte chuva mudou a características das duas cidades nas quais os moradores
estavam angustiados com o calor. Os primeiros pingos daquela que veio a ser a
maior concentração pluviométrica em curto espaço de tempo iniciou por volta de
23h dessa sexta-feira. E em poucos minutos a chuva tomou conta das duas cidades
separadas pelo rio Gorutuba. Trovão, relâmpago e água, muita água descia pelas
ruas de Janaúba e Nova Porteirinha. Foi mais de uma hora de chuva intensa e
forte. E durante a madrugada o índice pluviométrico diminuiu.
Região da rodoviária de Janaúba tomada pela água pluvial.
SETE
ANOS ATRÁS CHOVEU MAIS DE 100 MM NUMA NOITE
Até
a tarde de ontem, sexta-feira, havia chovido 6,8 milímetros nas cidades de Nova
Porteirinha e de Janaúba, conforme apurações do site do jornalista Oliveira
Júnior perante o Instituto Nacional de Meteorologia. Já nas últimas 24 horas,
mais precisamente das 23h dessa sexta-feira até o amanhecer de hoje, sábado,
choveu o correspondente a 148 milímetros elevando o acumulado para 154,8
milímetros.
Cozinha inundada pela água da chuva.
O
temporal deste fim de semana – há locais do perímetro
urbano de Janaúba onde choveram entre 105 mm e 160 mm – bateu o recorde de 109
milímetros registrados no dia 27 de abril de 2008 que, naquela ocasião, causou
inundações na cidade janaubense, inclusive com o desmoronamento do aterro da
margem esquerda do rio Gorutuba, na avenida Prefeito Edilson Brandão
(Beira-Rio), no fundo do mercado municipal.
Praça Péricles de Oliveira Santos, centro de Janaúba, no início da chuva dessa sexta-feira, dia 20.
Em janeiro de 2009 houve a chuva de
95 milímetros numa noite que provocou novamente desmoronamento no mesmo aterro.
Estrutura da cobertura de um posto de gasolina cedeu e caiu. Isso foi na avenida Manoel Atayde.
Entre
a noite do dia 5 e a manhã do dia 6 de novembro de 2012 choveu 75 milímetros
nas cidades de Janaúba e de Nova Porteirinha, onde, em 4 de dezembro de 2013
ocorreu o índice pluviométrico de 48,4 milímetros e uma semana depois choveu
48,7 milímetros nestas duas cidades.
RODOVIÁRIA
FICA INUNDADA
Vários
pontos da cidade de Janaúba apresentaram inundações, principalmente em áreas
baixas. Os quintais de residências também inundaram, o mesmo aconteceu com
alguns cômodos de casas.
Frequentadores de um bar próximo à rodoviária mantiveram o bom humor apesar da inundação no local.
A área da rodoviária de Janaúba ficou intransitável,
inclusive bares na redondeza foram invadidos pelo excesso de água proveniente
da chuva de mais de 148 milímetros.
INUNDAÇÃO
PERTO DO HOSPITAL
A
confluência das avenidas Santa Mônica e Inconfidentes, no bairro São Gonçalo,
bem perto do hospital da Fundajan, inundou e impediu o trânsito de veículos.
Na
avenida Manoel Atayde, entre a rua São Pedro e o semáforo da avenida santa
Mônica houve acúmulo de água que até atingiu o limite do meio-fio.
Estrutura de alvenaria num imóvel não suportou o vento e o volume de água.
E nesse
trecho houve o desmoronamento da cobertura de um posto de combustível
localizado na confluência da avenida Manoel Atayde com a avenida Presidente Kennedy
e a rua São Pedro.
Avenida Gentil Dias: árvore caída.
QUEDA
DE ÁRVORES
O
6º Pelotão do Corpo de Bombeiros registrou várias chamadas de moradores. Não há
dado de vítima. Os bombeiros registraram queda de árvores. O “Buraco de Amélia”,
na rua José Augusto de Souza, centro de Janaúba, transbordou e invadiu essa
mesma rua e a rua Padre Cícero. Na avenida Brasil, no antigo campo da
ferroviária, foi formada uma lagoa.
Ruas
do bairro Santo Antônio, nas proximidades do clube da Asderjan, ficaram
inundadas e casas ilhadas em virtude do temporal. O mesmo ocorreu em outros
bairros.
Praia do Copo Sujo, rio Gorutuba, área urbana de Janaúba, após o temporal.
Parte
da água da chuva dos bairros Esplanada, Saudade e adjacência seguiu em direção
à avenida Ecológica onde há um canal pluvial com profundidade acima de cinco
metros e o grande volume de água quase provocou o transbordamento do canal
dessa avenida confirmando a importância dessa obra, já que o trajeto dessa
avenida e do respectivo canal foi, anos atrás, uma espécie de vazante do rio
Gorutuba.
BARRAGEM
DE REJEITO DE MINÉRIO PRÓXIMO AO RIO GORUTUBA É PREOCUPANTE
Muro não resistiu ao temporal.
Muito
antes da chuva deste fim de semana, os moradores de Janaúba e de Nova
Porteirinha estavam preocupados com o risco do rio Gorutuba e, obviamente, a
barragem do Bico da Pedra, distante cinco quilômetros destas duas cidades,
serem afetados pelos produtos químicos utilizados na Mineradora Riacho dos
Machados, no município de mesmo nome, na extração de ouro.
Queda de árvore na zona rural.
A
mineradora possui uma represa de rejeito do minério. Porém, essa represa de
rejeito está a poucos metros do rio Ribeirão que é afluente do rio Gorutuba
antes da formação do lago da barragem Bico da Pedra. E o temporal ocorrido
entre a noite de ontem e a madrugada de hoje serve como alerta, segundo
moradores que temem que a chuva forte também tenha ocorrido nas imediações
dessa represa de rejeito o que poderá vir a preocupar diante de possível
transbordamento da água e lama da mineração e seguindo em direção ao rio
Gorutuba e à barragem do Bico da Pedra, responsável pela irrigação do projeto
Gorutuba e o abastecimento das cidades de Nova Porteirinha e de Janaúba, além
de outras comunidades da região da Serra Geral de Minas.
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