JANAÚBA
(por Francelle Marzano) – Minas Gerais se destaca na produção de bananas. A
safra do estado é a terceira maior do país. As variedades que se destacam são a
prata e a caturra. E os produtores agora também lucram com a fruta, que antes
era destinada ao descarte. A venda in natura pode ser mais lucrativa, mas
aquelas que não atendem o padrão exigido pelos consumidores passaram a ser
vistas com maior interesse pela indústria. Há bananas em barrinhas de cereais,
em doces, desidratadas e até em balas.
O
sabor está em alta. Tanto que a expectativa do estado é produzir 813,8 mil
toneladas de bananas neste ano, 14,3% a mais do que o registrado no ano
passado, quando a colheita atingiu 711,4 mil toneladas. Segundo a Federação da
Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), além da expansão da
demanda com os novos usos da fruta, o aumento da produtividade está relacionado
às novas tecnologias, além de tratos culturais mais bem feitos.
De
acordo com o analista de mercado da Associação Central dos Fruticultores do
Norte de Minas (Abanorte), Heider Cabral, cerca de 80% da produção da região é
vendida para consumo in natura e os outros 15% a 20%, que seriam descartados
como lixo orgânico, agora são destinados ao processamento em diversas fábricas.
A mudança de visão dos produtores e a tentativa de agregar valor à fruta
alavancaram esse novo mercado, que é a venda dos descartes para o processamento
na indústria. Os preços pagos pelas fábricas chegam a ser 50% abaixo dos
praticados pela fruta in natura, principalmente na época da safra, mas
produtores afirmam que a venda das bananas que não alcançam o padrão exigido
pelo varejo vale a pena.
Com
uma área de mais de 200 hectares de produção de banana, o produtor e presidente
da Abanorte, Saulo Bresinski, afirma que das quase 200 toneladas de fruta
produzidas por semana por hectare, cerca de 6 mil quilos são enviados para a
indústria de doce. “O que se sabe é que é inviável produzir para vender apenas
para a indústria, que paga cerca da metade do valor cotado no outro mercado. O
produtor precisa ter frutos de qualidade, que estejam dentro do padrão in
natura, e enviar para a indústria apenas o que seria descarte”, ressalta.
Em
Janaúba, no Norte de Minas, a fábrica Nutryllack utiliza a banana-prata para
fazer o doce sem adição de açúcar. Segundo o proprietário da empresa, Sérgio
Robleto, esse tipo é o melhor por ter maior teor seco do que a banana-nanica,
que contém mais água e precisa de mais tempo de cozimento, deixando o doce
amargo, às vezes. Ele afirma que as frutas utilizadas para a fabricação dos
doces são compradas de produtores da região e, para que alcance o ponto ideal,
ela precisa estar bem madura. “Utilizamos a fruta que não tem qualidade para ir
para a mesa, mas que não deixa de ser boa. Compramos a um preço mais barato. O
quilo custa por cerca de R$ 0,60”, afirma.
Na
fábrica, são descascadas mais de 21 mil toneladas da fruta por dia, para
produzir cerca de 2,5 mil quilos da bananada, que resultam em quase 9 mil
barrinhas. O doce é vendido para comerciantes por cerca de R$ 0,40 a barrinha,
valor que, segundo o proprietário da fábrica, cobre os custos por conta do
volume de venda. Segundo Robleto, a produção só não é maior porque todo o
processo é manual. Na tentativa de melhorar o sistema, ele está investindo em
um protótipo de máquina para tentar mecanizar parte do processo e aumentar a
produção para 5 mil quilos de bananada por dia. “Deve ficar pronto em até 30
dias e, se der certo, mais tarde vamos investir numa máquina maior para dobrar
a produção”, conta. De acordo com ele, o investimento no projeto é de cerca de
R$ 250 mil. Leia AQUI essa reportagem completa. (Fonte: jornal Estado de Minas, edição de 3 de agosto de 2015)
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