JAÍBA (por Fábio
Oliva) – Um vereador de Jaíba/MG poderá perder o mandato. Ele é acusado de
participar de fraude para que sua filha ingressasse no curso de odontologia da
Unimontes – Universidade Estadual de Montes Claros, nas vagas reservadas aos
egressos de escolas públicas carentes. Pai e filha foram denunciados pelo
Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) por crime de falsidade
ideológica (art. 299 do Código Penal).
Segundo a denúncia, a
estudante Rosana Batista Fernandes Pereira “consciente e voluntária”, tentou
auferir vantagem ilícita à custa de outros candidatos. Para isso ela teria
atuado deliberadamente com o propósito de burlar a lei estadual que instituiu
em Minas Gerais o sistema de reserva de vagas para estudantes carentes
afrodescendentes e egressos de escolas públicas. De acordo com o MPMG, ela
teria contado com a “imprescindível” colaboração de seu pai, Osmano Fernandes
Pereira (PDT), o “Osmano do Açougue” (foto).
A denúncia foi
subscrita por três promotores de justiça: Paulo Vinícius Magalhães Cabreira, Paulo
Márcio da Silva e Guilherme Roedel Fernandez Silva. Eles enfatizaram que “a
notória dificuldade de acesso à universidade pública por meio do processo
tradicional - sistema universal - tem levado determinados candidatos que não se
enquadram na condição de carentes a tentar burlar o sistema, fato que,
geralmente, ocorre por meio da prática de falsidade ideológica com relação às
informações prestadas à universidade”.
Para ser considerado
carente, a renda familiar do vestibulando não pode ultrapassar um salário
mínimo por pessoa. Conforme os promotores, “de maneira ardilosa e contando
sempre com a colaboração do seu pai, Osmano Fernandes Pereira”, a estudante
Rosana Batista Fernandes Pereira “apresentou informações falsas, bem como
omitiu dados” à Comissão Técnica de Concursos (COTEC) da Unimontes –
Universidade Estadual de Montes Claros.
Esclarece o MPMG que
“buscando ludibriar a COTEC, de forma grosseira”, os denunciados apresentaram
declaração de imposto de renda do vereador como se ele ganhasse apenas R$ 2 mil
por mês, para uma família de cinco membros. Ocorre, disseram os promotores, que
pai e filha ocultaram o fato de que desde janeiro de 2009 Osmano exerce o cargo
de vereador em Jaíba/MG, cujo salário é de R$ 4,4 mil por mês.
Assistentes sociais
da Unimontes levantaram informações de que o vereador possui um vasto
patrimônio, formado por imóveis urbanos e rurais, diferentemente do que havia
declarado à universidade.
Os promotores pediram
a condenação de pai e filha por falsidade ideológica. A pena varia de um a três
anos de reclusão e multa. Pediram ainda que sejam condenados à perda de
eventuais cargos ou funções públicas que ocupem; pagamento de indenização no
valor de R$ 5 mil à Unimontes, para reparação dos danos causados e a suspensão
dos direitos políticos.
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