JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Com a presença de técnicos da Universidade Estadual de
Montes Claros (Unimontes), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
(Epamig) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais
(Emater-MG), os vereadores de Janaúba debaterem sobre as novas tecnologias
adaptáveis ao semiárido diante da repetição de maneira severa dos problemas
climáticos o que acarreta em prejuízos ao setor produtivo, principalmente entre
os pequenos produtores rurais.
Foto Oliveira Júnior
Reunião da Câmara de Vereadores de Janaúba com
representantes da Emater-MG, Epamig e Unimontes sobre o uso de tecnologias
adaptadas ao semiárido.
Formalizado pela Câmara Municipal de
Janaúba através de sugestão do vereador Carlos Isaildon Mendes, esse debate
teve a participação de Pollyana Mara de Oliveira, Chefe do Centro de Pesquisa
da Epamig, Virgílio Mesquita Gomes, chefe do Departamento de Ciências Agrárias
da Unimontes, e Ildeu Souza, da Emater-MG de Janaúba. Carlos Isaildon explicou
que nos últimos dois anos tem acompanhado a prestação de contas na Câmara
Municipal por parte da Emater-MG, fato que ocorre há anos e o legislativo local
reverencia essa atitude louvável da empresa de assistência, e nas ocasião
questionou sobre qual o subsídio que a Emater recebe das empresas de pesquisas,
especificamente a Epamig e a Unimontes, de novas tecnologias adaptadas para
esta região.
Para o vereador Carlos Isaildon, caso
não houvessem os programas sociais, destacando a aposentadoria rural, poucos
pequenos produtores teriam sustentabilidade imóveis rurais. “O que a gente vê é frustração de safras. Realmente, as rendas das pequenas propriedades têm ficado
muito sacrificadas”, comentou Isaildon que exercia o primeiro mandato de
vereador (1993 a 96), período em que foi instituído e instalado o campus e o
curso de Agronomia, pela Unimontes, em Janaúba, com o propósito de fomentar as
pesquisas e tecnologias para o semiárido.
Pollyana Mara Oliveira, chefe do Centro
de Pesquisa da Epamig no Norte de Minas desde 2009, ressalta que a empresa tem
como finalidade gerar tecnologia para a região em que se encontra inserida. No
caso do Norte de Minas, a Epamig mantém cinco fazendas experimentais, sendo uma
em Nova Porteirinha, no Projeto Gorutuba (sede da unidade regional), duas em
Jaíba (sendo uma no Projeto Jaíba), uma em Montes Claros e outra em Leme do
Prado.
Foto Oliveira Júnior
Tecnologias adaptáveis ao Norte de Minas foram
debatidas em reunião da Câmara de Vereadores de Janaúba.
O centro de pesquisa atua tanto na agricultura de
sequeiro quanto irrigado. Com relação ao semiárido, ela citou que a Epamig
desenvolve pesquisa com a cultura da palma forrageira. “Temos trabalhado na
questão de espaçamento, adubação, controle de pragas e doenças e mais
recentemente a micro propagação de produção de mudas no laboratório de
biotecnologia”, relatou Pollyana Mara ao acrescentar que falta um biorreator
para implementar essa laboratório. Segundo a chefe do centro de pesquisa, a
Epamig firmou uma parceria com a iniciativa privada quanto ao fornecimento de
um biorreator até que o governo faça a aquisição via PAC desse equipamento para
a unidade regional instalada em Nova Porteirinha visando a produção de mudas de
palmas e de banana melhor adaptáveis no semiárido. Desde 2009, quando iniciou a
pesquisa com a palma forrageira, o centro de pesquisa do Norte de Minas já distribuiu
mais de 400 mil mudas na região.
Na reunião, Pollyana Mara explicou que
a unidade regional possui apenas 15 pesquisadores com atribuições nas regiões
Norte e Nordeste de Minas e no Vale do Jequitinhonha. Para suprir essa
situação, de número reduzido de pesquisadores para uma área territorial
extensa, a Epamig se associa às instituições e aos órgãos parceiros. Pela
unidade regional já se passaram mais de 60 pesquisadores e essa rotativa às
vezes atrapalha o bom desempenho da Epamig no Norte de Minas, principalmente em
se tratando de especialista na área de Zootecnia, pois em 2009 houve a
transferência dos dois pesquisadores e até então não houve a devida
substituição.
Segundo Pollyana Mara, a Epamig desenvolve com a
Universidade Federal de Viçosa (UFV) e com o Sindicato Rural de Montes Claros o
estudo de pastagem através de braquiária transgênica adaptável ao semiárido.
Virgílio Mesquita Gomes, do departamento de Ciência
Agrárias da Unimontes, informou que são formados anualmente pelo campus de Janaúba
80 estudantes, sendo 40 em Agronomia e 40 em Zootecnia, além de dois cursos de
pós-graduação e um de doutorado em produção vegetal voltado para o semiárido,
que é o foco de atuação da Unimontes uma vez que 95% dos estudantes são
advindos dessa região. Virgílio Mesquita informou que o Departamento de
Ciências Agrárias da Unimontes possui mais de 50 professores habilitados em
diversas áreas.
Segundo ele, a Unimontes realiza pesquisa de
identificação de plantas forrageiras que se adaptam ao Norte de Minas, região
semelhante ao semiárido e que tenha precipitação hídrica como um problema. Ressaltou
que a Unimontes tem a atribuição de formar a mão de obra para trabalhar com
essas áreas. Enalteceu a parceria da Unimontes com a Epamig e a Emater-MG para
transmitir o que tem sido desenvolvido pelas pesquisas até o produtor rural. No
entanto, de acordo com Virgílio Mesquita, falta recursos para mobilizar os
produtores e transmitir a eles os resultados das pesquisas prontas para serem
aplicadas no campo.A Unimontes possui projetos nas diversas áreas da
agropecuária com tecnologias adaptáveis ao semiárido, que é o Norte de Minas,
sendo a transição entre o cerrado e à caatinga. Citou ainda que a Unimontes
realiza pesquisa junto à Copasa referente ao uso do lodo de esgoto na produção
de frutas. “Estamos deixando de poluir o meio ambiente e usamos isso em prol da
fruticultura no Norte de Minas”.
Ildeu de Souza, da Emater-MG regional
de Janaúba, disse que a Emater-MG desenvolve o programa Minas sem Fome o qual
dá condições aos agricultores familiares efetuarem os plantios com a
distribuição de mudas fruteiras, sementes de hortaliças, de milho, sorgo,
feijão e kits de apicultura. Mencionou que, infelizmente, os resultados não
sejam como o desejável diante da irregularidade na distribuição de chuvas.
Segundo Ildeu, na região é desenvolvido o Projeto
umbu, financiado em meados de 1996 pelo Banco do Nordeste (BNB) e conduzido
pela Emater-MG e Epamig, que teve como origem através de um viveiro de mudas de
umbu. Na Epamig há um matrizeiro com 23 variedades para produção e distribuição
de mudas. Por intermédio desse projeto já foram plantados mais de 60 hectares
de umbuzeiro na região, isso sem considerar que foram disponibilizados mudas de
umbu para outras regiões e até para o estado da Bahia, caso de Brumado, onde há
produção em larga escala desse fruto. “Entendemos que é uma cultura adaptável
ao nosso meio ambiente e tem dado resultados positivos”, declarou Ildeu Souza.
Para o vereador Armando Peninha Batista é um contra
senso o fato de que a Epamig, sendo uma empresa de pesquisa, não tenha
condições financeiras para desenvolver e ampliar as pesquisas. Diante dessa
situação, Peninha entende que falta mais atenção por parte do governo no que
tange à atuação da Epamig. (Fonte: Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal
de Janaúba)
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