Foto Oliveira Júnior
Frigorífico de Janaúba está instalado no bairro
Barbosa, no início da avenida Marcelino Cerqueira que dá acesso ao aeroporto
municipal.
JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Na tarde dessa quinta-feira, dia 20 de fevereiro, houve
o leilão do frigorífico de Janaúba arrematado por R$ 40 milhões da massa falida
Kaiowa. Foram coletados 9 lances com o mínimo de R$ 36 milhões e o máximo em R$
40 milhões oferecido pelo grupo Minerva, o segundo maior do Brasil no
seguimento de frigoríficos, perdendo apenas para o JBS, que também é o maior do
mundo.
A avaliação mínima do frigorífico
janaubense era, segundo a Justiça de São Paulo, R$ 43.169.795,66 e no segundo
leilão ocorrido esta semana o maior lance ficou 7,34% abaixo do proposto para
os dois leilões. Os lances dados são de propostas condicionais, ou seja,
valores menores do que os montantes mínimos estipulados. Nesse caso, a decisão
cabe à juíza Jacira Jacinto da Silva, da 16ª Vara Cível da Comarca de São
Paulo, responsável pelo processo, e cuja pretensão é acabar com a falência do
grupo Kaiowa, que teve lances próximos do mínimos para a aquisição dos
frigoríficos Kaiowa em Pires do Rio-GO e em Anastácio-MS, este pretendido pelo
grupo JBS.
Em contato com o JORNAL DA SERRA GERAL
nessa quinta-feira, dia 20, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de
Janaúba, José Aparecido Mendes Santos, considera que essa decisão é muito
especial para Janaúba e para todo o Norte de Minas. “Esperamos agora que
reabra, comece os abates e gere emprego e renda aos funcionários e aos produtores
rurais”, declarou o líder rural que também é presidente da Associação dos
Sindicatos dos Produtores Rurais do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha
(Aspronorte), entidade que agrega 43 sindicatos e 33 mil produtores.
Foto Oliveira Júnior
Unidade que já teve o nome de Frigodias e Kaiowa
passa a ser denominada de frigorífico Minerva. No caso de arrendamento, foi
chamada de frigorífico Redenção e Independência.
De acordo com José Aparecido, a
negociação definitiva do frigorífico Kaiowa em Janaúba é um incentivo ao
agronegócio da região, pois a unidade industrial janaubense atende os
requisitos para a exportação de carne para a Europa e outros países. “Em
atividade, o frigorífico irá contribuir de maneira efetiva na economia local e
regional”, salientou o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais diante da
oferta entre 800 a 1,2 mil empregos o que, a preço de hoje, movimentaria entre
R$ 1 milhão a R$ 2 milhões todo mês com o quadro pessoal e em torno de R$ 1
milhão diariamente com a compra de gado para o abate.
A venda através de leilão do
frigorífico de Janaúba faz com que a empresa compradora decida em reabrir a
unidade o mais breve possível. Isso serviu de comemoração para o secretário
municipal de Obras e Serviços Urbanos, Dailton dos Santos Ferreira, durante
contato com o JORNAL DA SERRA GERAL no final da tarde dessa quinta-feira.
Segundo ele, a reabertura do frigorífico recoloca o município no patamar da
agroindústria e reanima a população quanto à questão da empregabilidade. “Desde
o início da gestão do prefeito Yuji Yamada até hoje a maior parte dos assuntos
que a população vem aqui nos relatar é referente a falta de emprego. Temos
agido de maneira a motivar empreendedores a instalar em Janaúba e, é claro,
sempre estivemos atentos pelo funcionamento do frigorífico”, citou o secretário
confiante de que a compra do frigorífico trará um impulso positivo para
Janaúba. Esse pensamento de Dailton Ferreira tem sentido, pois, de quebra, o município
passa a receber mais recursos do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e
Serviços (ICMS) com o volumoso e intenso abate de bovinos.
No início da noite dessa quinta-feira,
dia 20, o ex-prefeito José Benedito Nunes Neto manifestou ao JORNAL DA SERRA
GERAL com entusiasmo o leilão e a aquisição do frigorífico. “Estou alegre com
essa decisão, pois isso também é fruto das nossas ações quando administramos o
município de Janaúba. Naquela ocasião sensibilizamos a juíza da Comarca de São
Paulo pela solução do impasse para que a nossa importante indústria voltasse a
funcionar”, declarou José Benedito ao lembrar que sugeriu à juíza que
facilitasse o leilão da massa falida do Kaiowa por unidade, como ocorreu.
Cabe lembrar, ainda, que os pecuaristas são agentes
econômicos chave no processo de viabilização do retorno do frigorífico de
Janaúba. Ainda não há uma definição de quando o novo dono da planta industrial
gorutubana assumirá o empreendimento e iniciar o abate. No primeiro momento é
aguardar um entendimento com os pecuaristas, pois estes vivenciaram e ainda
convivem com transtornos e prejuízos diante da desativação da unidade local
pelo grupo Independência, que havia arrendado o frigorífico de Janaúba e em
seguida encerrou as atividades alegando falência. Além disso, a pecuária tem
sido afetada pela seca.
Instalado
no bairro Barbosa e em torno de três quilômetros do aeroporto municipal, o
frigorífico de Janaúba possui 217 mil metros quadrados dos quais são quase 54
mil metros quadrados de área construída. O frigorífico desta cidade foi
implantado no final dos anos 70 com o nome de Frigodias (família Dias, do Norte
de Minas). Na virada da década de 80 para 90 a unidade foi vendida para o grupo
Kaiowa que, em 1997, decretou falência, em fechou todas as unidades. Houve
várias tentativas pela reabertura, mas sem êxito. Nos últimos 10 anos o
frigorífico em Janaúba retomou as atividades em duas vezes, via arrendamento. A
primeira foi com o grupo Redenção, do Pará. Depois com o grupo Independência,
com plantas industriais no Centro-Oeste brasileiro. Agora, a esperança é de que
o grupo Minerva mantenha a sua estratégia de negócios baseada na coerência,
solidez e sustentabilidade com o frigorífico de Janaúba.
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