Foto Oliveira Júnior
Amador Bueno, administrador jurídico do grupo
Kaiowa.
JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Implantado há mais de 30 anos e com mais da metade do
tempo fechado, em períodos intercalados, o frigorífico de Janaúba poderá ser
vendido nos próximos dias por intermédio de leilão. O preço inicial da
negociação dessa indústria de 217 metros quadrados, ou quase 22 hectares, foi
fixado em R$ 43 milhões e poderá ter uma elevação, uma vez que o frigorífico de
Janaúba tem boa aceitação na exportação de carne para o mercado europeu.
Desativado há quatro anos e meio, a
unidade frigorífica de Janaúba foi instalada no início dos anos 80 com o nome
de Frigodias, pertencente à família Dias (o controlador era Dezinho), que é do
Norte de Minas, mais especificamente de Montes Claros e Francisco Sá. No final
dos anos 80 o grupo Kaiowa, de São Paulo, adquiriu o frigorífico que era o
maior arrecadador de impostos, caso de ICMS, para este município.
Foto Oliveira Júnior
Amador Bueno, síndico da massa falida do Kaiowa
em entrevista ao Jornal da Serra Geral.
Mas, tempo depois o Kaiowa fechou a unidade de Janaúba
devido a falência do grupo em São Paulo. Situação semelhante ocorreu com outra
indústria em Janaúba, a Agro Industrial Janaúba (na área industrialização de
tomate para extrato) que parou de funcionar e depois foi negociada diante da
falência da matriz, com o nome de Hero, no estado de São Paulo.
Com falência decretada em outubro de 1997, o grupo de
frigoríficos Kaiowa irá a leilão no dia 29 de janeiro deste ano em leilão eletrônico/presencial
a ser realizado pela empresa Zukeman Leilões, em São Paulo, sendo que os bens
poderão ser arrematados conjunto ou individualmente. Em primeira praça, o lance
mínimo para o lote é de R$ 173 milhões pelas cinco unidades do Kaiowa, inclusive
o frigorífico de Janaúba que é avaliado em R$ 43.169.795,66.
O
administrador judicial do Kaiowa, Amador Bueno, confirmou o leilão presencial e
online com primeira chamada no dia 29 de janeiro. No dia 20 de novembro de
2012, durante entrevista ao JORNAL DA SERRA GERAL e outros órgãos de
comunicação, em Janaúba, Amador havia anunciado o planejamento para reativar o
frigorífico gorutubano, desativado desde junho de 2010. Nessa reunião, o
presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Janaúba, José Aparecido Mendes
Santos, também se fez presente e encaminhou ao administrador judicial e à Juíza
da 16ª Vara Cível de São Paulo, Jacira Jacinto da Silva, correspondência do
Sindicato e da Associação dos Sindicatos dos Produtores Rurais do Norte de
Minas e do Vale do Jequitinhonha (Aspronorte), da qual ele é presidente,
mostrando a necessidade social e financeira pela reativação do frigorífico.
Foto Oliveira Júnior
Amador Bueno, representante do grupo Kaiowa, e
José Aparecido Mendes, presidente do Sindicato Rural de Janaúba.
O frigorífico de Janaúba, que possui quase 54 mil
metros quadrados de área construída, pertence à massa falida do grupo Kaiowa e
foi arrendado ao Frigorífico Independência em 2006. Mas, em 2008 o
Independência também decretou falência, demitiu 840 funcionários nesta cidade,
deixando de movimentar aproximadamente R$ 3 milhões por mês somente com a folha
de pagamento, e fechou a unidade de Janaúba, que tem capacidade para 1.200
abates de bovinos por dia, totalizando mais de 200 mil bovinos abatidos por ano
e que gerava ao produtor R$ 300 milhões, além de uma maior receita para a
prefeitura.
O frigorífico de Janaúba iniciou nos
anos 80 com o nome de Frigodias (da família Dias, aqui do Norte de Minas). Nos
anos 90 o grupo Kaiowa comprou a unidade de Janaúba, mas tempo depois fechou
devido a falência do grupo em São Paulo. Em 2003, com a presença do governador
Aécio Neves, o grupo Redenção, do Pará, arrendou a unidade e a batizou de
“Frigorífico Janaúba”. Porém, por falta de animais, em pouco tempo desativou a
indústria. Em 2006, o Independência arrendou a unidade e suspendeu o
funcionamento em 2010. A massa falida do Kaiowa recebia em torno de R$ 200 mil
mensais pelo arrendamento da unidade gorutubana.
O fecha e abre do frigorífico de Janaúba não é
novidade para os moradores e lideranças dessa cidade. No vai-e-vem de
empresários com o intuito de comandar a unidade houve até a história de
hermafrodita querendo aplicar o golpe. Mário de Jesus, oriundo do Estado de
Goiás, assumiu por alguns dias o arrendamento do frigorífico e iludiu
deputados, prefeitos e pecuaristas da região. Mário, um bissexual de nome Maria
de Jesus, era procurado por crime de estelionato.
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