Foto A.C/CMJ
Barragem de rejeito da mineradora Riacho dos
Machados fica perto de afluente do rio Gorutuba que abastece a barragem do Bico
da Pedra.
JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Os vereadores Adauri Soares Cordeiro (PMDB) e Carlos
Isaildon Mendes (PSDB), membros da Comissão de Meio Ambiente, Educação e Saúde
da Câmara Municipal de Janaúba, estiveram ontem, domingo, dia 22 de dezembro,
nas imediações da barragem de rejeitos da Mineração Riacho dos Machados (MRDM),
subsidiária da canadense Carpathian Gold INC, que extrai ouro em Riacho dos
Machados.
Após receber denúncia de possível
vazamento dos rejeitos em afluente do rio Gorutuba, os vereadores Carlos
Isaildon e Adauri Cordeiro se juntaram ao Movimento Amigos da Barragem (MAB) do
Bico da Pedra, representado por Marcos Benício, e ao prefeito de Nova
Porteirinha, Raul Alves, e deslocaram até à represa de rejeitos.
Foto A.C/CMJ
Paredão
da barragem de rejeito da mineradora e poça d água proveniente da chuva.
A comissão constatou que não havia
transbordamento na represa cujo barramento tem uma proteção de aproximadamente
8 metros de altura e que o nível de água e rejeito estaria em dois metros, ou
seja, faltariam 6 metros para o possível transbordamento.
A barragem de rejeitos foi construída
no córrego Olaria, que é afluente da margem esquerda do ribeirão Curral Novo
que, por sua vez, deságua no Rio Gorutuba, onde existe a barragem que é utilizada
para abastecimento público do município de Janaúba.
Os representantes da Comissão de Meio
Ambiente da Câmara de Vereadores de Janaúba e do MAB Bico da Pedra temem pela
provável ineficiência da impermeabilização o que acarretaria em contaminação do
subsolo e do lençol freático. Os vereadores Adauri Cordeiro e Carlos Isaildon e
o MAB Bico da Pedra elaborarão um relatório a ser encaminhado à Coordenadoria
Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos rios Verde
Grande e Pardo de Minas.
Foto A.C/CMJ
Rio Ribeirão Curral Novo, abaixo da barragem de
rejeito, é afluente do rio Gorutuba.
Em abril deste ano foi realizada, em
Janaúba, uma audiência pública promovida pelo Ministério Público (MP) com apoio
da Câmara de Vereadores de Janaúba e participação ativa do Movimento Amigos da
Barragem Bico da Pedra.
Nessa audiência, a Promotora de Justiça
Ana Eloisa Marcondes da Silveira, coordenadora regional das Promotorias de
Justiça do Meio Ambiente, havia anunciada a concordância da empresa de
mineração em assinar junto ao MP um termo de compromisso através do qual era
estabelecida a realização de auditoria, sob a supervisão do ministério. Essa avaliação seria planejada por uma empresa
especialista em barragem de rejeito. “Será feita a análise se há segurança e
verificar a execução da extração de ouro para que não haja surpresa (dano
ambiental)”, citou à época a promotora. Outra decisão firmada no termo de
compromisso é que a MRDM garanta a recuperação do local em caso de possível
dano ambiental.
Ainda nessa audiência pública ocorrida
em Janaúba, em abril de 2013, o vereador Carlos Isaildon, que também é membro
do Moimento Amigos da Barragem (MAB), pediu pela intervenção do Ministério
Público junto à Superintendência Regional de Regularização Ambiental (Supram)
no sentido de realizar fiscalização periódica na mineração e que mantenha a
população de Janaúba informada da situação.
BARRAGEM
DE REJEITOS
Barragem de rejeitos é o local onde se armazena o
material que sobra do processo de extração do minério. No caso da MRDM, para
extrair ouro, é utilizado o cianeto, um composto químico altamente venenoso e
solúvel em água que pode vir a contaminar os rios e lençóis freáticos.
Há uma grande preocupação com a segurança da barragem
Bico da Pedra em relação à implantação da Mineração de Riacho dos Machados.
Segundo lideranças locais, a barragem de rejeitos da mineradora fica em torno
de 300 metros de distância do ribeirão que deságua no rio Gorutuba, que forma a
represa do Bico da Pedra.
Além do cianeto e ainda mais perigoso, o arsênio,
material químico altamente venenoso é liberado a partir da exploração do ouro e
pode contaminar o ar e a água, sendo também cancerígeno e agindo no organismo
das pessoas de forma sigilosa.
Na audiência pública em Janaúba, em abril de 2013, o
gerente de meio ambiente da MRDM, Marco Antônio Fernando tranqüilizou a
população ao informar que a empresa atua de maneira consciente. Ele afirmou que
a água da barragem de rejeitos é reaproveitada pelo próprio empreendimento
minerador.
Comentários