MONTES
CLAROS (por Paulo Braga) – O deputado federal Humberto Souto (PPS-MG) inicia o trabalho
visando fixar a má distribuição das chuvas como critério legal para a Sudene
definir quais são os municípios semiáridos na sua área de atuação, como o
Norte de Minas e vales do Jequitinhonha e do Mucuri. A medida foi anunciada
durante reunião promovida pela Associação dos Municípios da Área Mineira da
Sudene (Amams), na manhã dessa quinta-feira, 1º de agosto, para defender a
inclusão de mais 55 municípios mineiros no semiárido.
A inclusão visa vantagens na distribuição dos
incentivos fiscais para a atração de novas empresas, no crédito rural e nas
medidas de socorro às vítimas de calamidade e emergência causadas pelas secas.
Humberto Souto e o deputado estadual Luis Henrique Santiago (PSDB) foram os
únicos parlamentares votados na região presentes ao encontro promovido pela
Amams, em parceria com a Emater-MG e a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil
de Minas Gerais (Cedec-MG).
Foto Valdomiro Brito
Deputado Humberto Souto em entrevista ao
jornalista Oliveira Júnior na rádio Onda Norte 103,9 FM, em Janaúba.
A última ampliação da relação de municípios no semiárido
aconteceu em 2005 e levou em conta a comprovação de um dos seguintes fatos:
precipitação pluviométrica inferior a 800 milímetros por ano; índice de aridez
de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a
evapotranspiração potencial, no período de 1.961 e 1.990; e risco de seca maior
que 60%, tomando-se por base o período entre 1.970 e 1.990. Em Minas, o número
de municípios semiáridos na área de atuação da Sudene subiu de 40 para 85, mas,
55 ainda ficaram fora.
Agora, a Amams entende que nova delimitação se faz
necessária, pois, as secas estão cada vez mais intensas e os municípios da
Sudene fora do semiárido sofrem as mesmas conseqüências econômicas. O deputado
Humberto Souto, cuja proposta recebeu elogios do gerente regional da Emater-MG,
Ricardo Demichelli, e do tenente-coronel Fabiano Villas Boas,
secretário-executivo da Cedec-MG, defende que para efeito de nova delimitação
sejam considerados também a má distribuição das chuvas e critérios econômicos:
“Não é só a questão de chover menos de 800 milímetros por ano, é preciso
considerar também que às vezes pode até chover mais do que isso, mas, de forma
concentrada, em poucos dias, enquanto o resto do ano fica seco”, advoga o
parlamentar.
Humberto Souto reclama ainda que falta investimento
público na construção de barragens e em tecnologia para que as águas das chuvas
concentradas sejam retidas também no subsolo, para aproveitamento durante as
estiagens. Segundo ele, nem é o caso de falar em falta de dinheiro para a
construção de grandes barragens: “Técnicos atestam que o rio Verde Grande, por
exemplo, tem pontos onde bastaria elevar um metro para recuar, ou seja,
perenizar e elevar o nível de água numa extensão de 200 metros, mas, no Brasil,
não há interesse pelas pequenas barragens, só pelas grandes, pois, é nelas que
são feitos os ajeitos”, disparou o Humberto Souto, aplaudido por prefeitos,
secretários municipais e coordenadores municipais de defesa civil.
PERDAS
– Durante a reunião da Amams, nessa quinta-feira, dia 1º de agosto, Emater e
Defesa Civil apresentaram dados atestando o agravamento das secas no Norte de
Minas. Nos últimos dois anos, até março de 2013, a lavoura acumulou prejuízos
da ordem de R$ 500 milhões, que saltam para mais de R$ 1 bilhão com as perdas
de pastagens e o esvaziamento do rebanho regional. Morreram de fome e sede
nesse período 110 mil bovinos, informou a Emater.
Comentários