MONTES
CLAROS (por Luiz Ribeiro/jornal Estado de Minas) – A Polícia Federal
desarticulou ontem, terça-feira, dia 2 de julho, uma quadrilha acusada de
desviar recursos públicos por intermédio da negociação fraudulenta de
precatórios falsos, usados para a compensação tributária de dívidas dos
municípios com a União. Foram presas sete pessoas, das nove que tiveram a
prisão decretada, entre elas o empresário Mateus Roberte Carias, do Espírito
Santo, apontado como mentor do esquema e os ex-prefeitos de Pirapora, Warmillon
Fonseca Braga, e de Janaúba, José Benedito Nunes Neto. Também foi expedido
mandado de prisão contra o ex-prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite, que
se encontra em viagem aos Estados Unidos ( LEIA AQUI).
As
prisões temporárias – por cinco dias – foram decretadas pela juíza de Pirapora,
Arlete Coura. Os envolvidos podem responder por crimes contra a administração
pública, formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro,
corrupção ativa e passiva e fraude nas licitações.
De
acordo com a Polícia Federal, em Janaúba foram negociados quase dois milhões de
reais com os documentos falsos. Isso foi por meio de uma licitação e negociaram R$ 1,68 milhão da prefeitura de Janaúba. De acordo com o delegado da Polícia
federal Marcelo Freitas, “todo esse dinheiro foi para o ralo”. O chefe da
Polícia Federal no Norte de Minas explica que a compensação para o pagamento de
débitos com o INSS não foi aceita pela Receita Federal e que o município
continuou com os mesmo débitos com a Previdência Social.
De
acordo com a Polícia Federal, por meio de uma licitação realizada em outubro de
2011, a Prefeitura de Montes Claros adquiriu R$ 13.957.219,48 em créditos e
foram pagos R$ 9.367.901,49. Em Pirapora, Warmillon chegou a negociar com a
empresa capixaba precatórios no valor de R$ 2,8 milhões, que não chegaram a
serem pagos. Em Janaúba, foi negociado R$ 1,68 milhão. Durante as investigações
também foram levantados valores envolvidos em outras cidades mineiras, como
Capelinha (R$ 4,53 milhões) e Caratinga (R$ 9,4 milhões).
De
acordo com a PF, Mateus Roberte Carias montou a empresa Digicorp Consultoria e
Sistemas Ltda., que oferecia às prefeituras títulos de crédito com o governo
federal, para serem usados na compensação tributária de débitos com a União. A
empresa tinha como lobista Marcos Vinicios da Silva, o Marquinhos, assessor
parlamentar do deputado federal Ademir Camilo (PDT), lotado na Câmara dos
Deputados desde 2010 e que, segundo a PF, oferecia o “negócio” para os
prefeitos. Outro colaborador do esquema é Ademilson Emídio de Abreu, preso em
Vila Velha (ES). Foram detidos ainda o advogado Sebastião José Vieira Filho
(procurador do Município de Montes Claros na gestão de Luiz Tadeu Leite) e
Eduardo Souza Bezerra, presidente da Comissão de Licitação da Prefeitura de
Pirapora na gestão de Warmillon Braga.
Mateus
Carias já havia sido preso na Operação Camaro, deflagrada pela Policia Federal
em abril de 2012, por prática semelhante. Na época, ele fechou contratos com
cerca de 180 prefeituras, por meio da empresa Urbis Instituto de Gestão
Pública, para compensar créditos tributários usando informações falsas e decisões
liminares. Em depoimento à PF em dezembro (LEIA AQUI), ele alegou que negociou com as
prefeituras créditos de precatórios judiciais apresentados pela empresa Merizio
& Giuberti Louzada Advogados Associados, com sede em Vitória (ES),
investigada na mesma operação.
Em
Minas Gerais, o grupo atuou em Águas Vermelhas, Capelinha Caratinga, Ipatinga,
Itambacuri, Janaúba, Montes Claros, Pirapora, Rio Pardo de Minas, Várzea da
Palma e Varzelândia. Em todas essas cidades foram cumpridos ontem mandados de
busca e apreensão, visando aprofundar as investigações sobre o esquema
fraudulento. Segundo a PF, os prejuízos causados a esses municípios chegam a R$
71,92 milhões.
Marcelo
Freitas destacou ainda que, nas tentativas de compensação tributária com papéis
negociados pela Digicorp foram usados documentos falsos com os nomes de Cláudio
Maia Silva (supostamente auditor da Receita Federal) e Ângelo da Silva Marinho
(suposto auditor fiscal da Previdência Social). “Mas essas pessoas não existem,
o que é uma prova cabal da falsificação”, disse o delegado. (Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2013/07/03/interna_politica,416189/ex-prefeitos-mineiros-vao-para-a-cadeia-apos-operacao-da-pf.shtml)
OS
ENVOLVIDOS (nomes repassados pela assessoria da Polícia Federal)
Presos
em Minas:
Warmilon
Fonseca Braga: ex-prefeito de Lagoa dos Patos e Pirapora e ex-presidente do
Cisrun, consórcio que administra o SAMU no Norte de Minas;
José
Benedito Nunes Neto - ex-prefeito de Janaúba e ex-delegado da Polícia Civil de
Minas Gerais;
Sebastião
Vieira Filho - advogado e ex-procurador da Prefeitura de Montes Claros;
Eduardo
Souza Bezerra membro da CPL (Comissão de Licitação) de Pirapora/MG;
Presos
no Espirito Santo:
Mateus
Roberte Carias - empresário e líder da organização criminosa, na Operação
Camaro deflagrada em abril de 2012 pela Polícia Federal e pelo Ministério
Público do Estado do Espírito Santo, para combate à mesma espécie de crime;
Rosilene
Trindade Rodrigues Carias - empresária e esposa de Mateus Roberte Carias, líder
da organização criminosa;
Ademilson
Emídio de Abreu: um dos principais representantes comerciais da empresa com
atuação no Espírito Santo e em Minas Gerais. Já foi preso juntamente com o
principal líder da organização criminosa, Mateus Carias, na Operação Camaro
deflagrada em abril de 2012 pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do
Estado do Espírito Santo, para combate à mesma espécie de crime.
Foragidos:
Luiz
Tadeu Leite: ex-prefeito de Montes Claros;
Marcos
Vinicius da Silva: representante comercial da empresa na região norte do Estado
de Minas Gerais e se encontra foragido.
Foram
ouvidos e liberados:
Robson
Luiz Veloso: contador, de Janaúba;
Antônio
José Lima Oliveira: contador, de Janaúb;
Farley
Soares Menezes – advogado, de Montes Claros. Condução coercitiva. (Fonte:
DPF/Montes Claros)
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