Administração de São João da Ponte se
compromete com Ministério Público a demitir sete familiares de ex-prefeito e
três do atual, mas servidores não querem deixar cargos públicos
SÃO
JOÃO DA PONTE (por Luiz Ribeiro) – O prefeito de São João da Ponte, no Norte de
Minas, Sidnei Pereira da Silva (PPS), o Sidnei Gorutuba, terá que afastar da
administração municipal os assessores que são parentes de seu antecessor
Geraldo Paula da Costa, o Gê Paula, que morreu 10 dias depois da posse. Sidnei,
que era vice, assumiu a chefia do Executivo. A exoneração foi estabelecida por
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado entre a prefeitura e o
Ministério Público Estadual (MPE), que exige também a demissão de parentes do
atual prefeito. Os familiares de Gê Paula, contudo, bateram o pé e não estão
aceitando deixar os cargos.
O
prefeito eleito morreu em 10 de janeiro, depois de tomar posse e tirar licença
para tratar uma leucemia. Reportagem do Estado
de Minas revelou no mês passado que mesmo no leito do hospital Gê Paula fez
questão de rechear sua equipe com parentes, nomeando sete deles para o primeiro
escalão da prefeitura, incluindo a mulher, o irmão, os filhos e uma sobrinha,
além do marido dela.
Gorutuba,
que inicialmente foi prefeito interino e depois tomou posse em definitivo, não
contrariou a vontade do antecessor e confirmou todas as suas indicações. Para
não ficar atrás, ele nomeou para a sua equipe de assessores diretos três pessoas
da própria família. Assim, o primeiro escalão da Prefeitura de São João da
Ponte passou a contar com 10 parentes da dupla que venceu a eleição em 2012.
Da
família de Gê Paula, foram nomeados para o primeiro escalão: Vânia Mirtes
Cordeiro da Costa (viúva), secretária municipal de Assistência Social; Ludmila
Cordeiro da Costa (filha), secretária municipal de Educação; Leland Paula da
Costa (filho), secretário municipal de Cultura; Mariano Paula da Costa (irmão),
secretário municipal de Transportes; João Paula da Costa (irmão), chefe de
Gabinete; Max Cordeiro Costa (filho), assessor de gabinete; e Juliana Paula
Campos (sobrinha), secretária municipal de Saúde. O marido de Juliana, Giuliano
José Gusmão Lopes Leite, assumiu a pasta de Administração e Recursos Humanos.
Já
o prefeito Sidnei Gorutuba nomeou os seguintes parentes: Osmano Pereira da
Silva (irmão), secretário de Esportes, Lazer e Turismo; Jocássia Rodrigues da
Silvas (filha), secretária de Agricultura; e Carlos Alberto Pereira da Silva,
tesoureiro da Secretaria Municipal de Finanças. O Ministério Público Estadual
interferiu e o prefeito Sidnei Gorutuba assinou um TAC com os promotores Paulo
Márcio da Silva, Guilherme Riedel Fernandez Silva e Célio Dimas Esteves Ruas.
Pelo termo, ele firmou o compromisso de exonerar, imediatamente, “sob pena de
adoção de medidas judiciais cabíveis pela prática de ato de nepotismo”, os
ocupantes de cargo em comissão, de confiança ou funções gratificadas “que
tenham parentesco consanguíneo, em linha direta ou colateral, ou por afinidade,
até o terceiro grau”, com o ex-prefeito e o atual.
Mantidos
Ouvido
nessa quarta-feira, o prefeito de São João da Ponte garantiu que, embora não
tenha registrado no TAC, o Ministério Público “deverá permitir” que ele
mantenha na equipe do primeiro escalão da prefeitura dois parentes de Gê Paula
e duas pessoas da sua própria família. Gorutuba declarou que, entre os três
parentes dele que foram nomeados para a prefeitura, ainda não sabe quais são os
dois que vão permanecer. Em relação aos familiares do antecessor, ele decidiu
manter a viúva de Gê Paula, Vânia Mirtes Cordeiro da Costa, na Secretaria
Municipal de Assistência Social e a filha do casal, Ludmila Cordeiro da Costa,
na pasta da Educação.
Gorutuba
revelou que enfrenta a resistência dos herdeiros de Gê Paula, que não aceitam o
afastamento do poder e chegaram até a sinalizar uma ameaça de rompimento. “Só
que eu, como prefeito, não vou desacatar o Ministério Público”, avisa.
São
João da Ponte é conhecida pela rivalidade na política local. A vitória da chapa
Gê Paula/Sidnei Gorutuba em 2012 acabou com o domínio de duas famílias que
estavam no poder havia mais de 30 anos. A nova administração assumiu com
discurso moralista e afixou uma faixa na sede da prefeitura, acusando a gestão
anterior de deixar dívidas de cerca de R$ 40 milhões. No TAC firmado com o MPE,
o atual prefeito se comprometeu ainda a anular concurso público realizado na
gestão anterior, devido a denúncias de irregularidades na contratação da
empresa organizadora, investigadas pelo próprio Ministério Público. (Fonte:
jornal Estado de Minas através do link http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2013/06/06/interna_politica,400257/cai-o-cabide-de-parentes-em-sao-joao-da-ponte-no-norte-de-minas.shtml
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