Foto Dione Afonso
Lavradora Francisca Rodrigues da Silva foi
diagnosticada com a doença.
MATO
VERDE (por Ernesto Braga) – Com febre, tontura, mal-estar e fraqueza no corpo,
a lavradora Francisca Rodrigues da Silva, moradora da zona rural de Mato Verde,
no Norte de Minas, procurou atendimento médico, no ano passado. O resultado do
exame de sangue confirmou a suspeita: os sintomas apresentados por Francisca
eram da fase aguda da doença de Chagas.
Desde
1990, a lavradora de 49 anos mora com o marido e três filhos em uma casa de
adobe no distrito Fazenda Sítio Novo. As frestas nas paredes desse tipo de
moradia, feita de barro e bambu, são esconderijos do barbeiro, inseto
transmissor do protozoário Trypanosoma cruzi. “Fiquei muito triste e me senti
sem saída por saber que não tem cura”, lamenta.
Em
Minas, o quadro de infecções é considerado estável. Apesar do diagnóstico em
Mato Verde, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que, em 2012, assim
como de 1º de janeiro a 25 de fevereiro deste ano, nenhum caso agudo foi registrado.
Subnotificação
Segundo
a bióloga Marcela Ferraz, diretora de Vigilância Ambiental da SES, foram
detectados apenas casos crônicos, ou seja, em que a pessoa foi infectada há
anos, sem manifestar os sintomas. Mas ela não descarta a possibilidade de subnotificação.
A especialista informa que o registro de casos agudos desse tipo de zoonose
(doença de animais transmissíveis ao homem) deve ser feito de forma compulsória
e imediata pelos municípios ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan).
O
Sinan é acessado pelas secretarias municipais de Saúde, SES e Ministério da
Saúde. A partir das notificações, são planejadas estratégias de combate e
tratamento. “Não desconsideramos a hipótese de subnotificação. Pode ocorrer,
uma vez que os sintomas são semelhantes aos de outras doenças e o diagnóstico
para Chagas não é feito automaticamente”, diz Marcela Ferraz. A bióloga destaca
que, sem as informações, as ações para impedir o avanço da doença em Minas
podem ficar comprometidas.
Na
semana passada, o Hoje em Dia entrou em contato com o secretário de Saúde de
Mato Verde, Glésio Camargo. Ele disse que estava viajando e pediu que a
reportagem telefonasse depois. No entanto, não atendeu mais o celular.
Confirmação
Estatísticas
do Ministério da Saúde apontam que, de 2007 a 2011, também não foram
registrados casos agudos da doença de Chagas em Minas. Mas, segundo o
coordenador de Vigilância em Saúde de Muzambinho, Fábio Vasconcelos, nesses
cinco anos houve confirmações de chagásicos no município do Sul do Estado.
“Em
2012, encaminhamos 91 pessoas para exames e dois deram positivo para Chagas.
Após a confirmação, a notificação foi feita ao Sinan”. (Fonte: jornal Hoje em
Dia, link http://www.hojeemdia.com.br/minas/barbeiro-mantem-doenca-de-chagas-ativa-em-minas-gerais-1.99898)
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