NOVA
PORTEIRINHA (por Thiago Alves*) – O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
denuncia que ontem, segunda-feira, dia 22 de outubro, a Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) expulsou
quatro famílias e pretende expulsar outras 21 da Vila dos Goianos, na
Colonização II do Projeto Gorutuba, no município de Nova Porteirinha.
Munido de ordem judicial, os policiais chegaram à
localidade sem prévio aviso e ordenaram que os moradores retirassem seus
pertences para as casas serem derrubadas. Onde os moradores não obedeceram, os
próprios policiais fizeram a limpeza. Segundo eles, a empresa afirmou que todos
moram dentro da Área de Preservação do Canal de Irrigação do Projeto Gurutuba e
que não podem estar ali. Crianças, idosos e deficientes físicos estão entre os
que não têm para onde ir. A maioria está na casa de parentes.
Militantes do MAB estão na localidade e mobilizaram
hoje cerca de 100 pessoas para impedir que outras ordens judiciais sejam
cumpridas. “É triste ver pessoas desoladas, mulheres chorando, pertences
espalhados por toda parte. O que foi feito aqui foi um ato de violência”,
afirma Ednalza Oliveira, da coordenação MAB na região. “Durante todo o dia
fizemos uma vigília para esperar os oficiais de justiça, mas só apareceram
depois que fomos embora. Eles continuam pressionando os moradores para saírem
de suas terras”, afirma Mateus Vaz de Melo, outro militante do Movimento.
A mobilização contra a expulsão de moradores continua.
A partir das 8 horas desta quarta-feira, dia 24 de outubro, os atingidos farão
uma marcha entre a Rodoviária de Nova Porteirinha e a sede da Codevasf
(distância de quase 200 metros atravessando a BR-122), onde esperam serem
recebidos para debaterem a situação dos moradores, exigirem a emissão dos
títulos das terras e o imediato fim das expulsões.
O
QUE É O PROJETO GORUTUBA?
O Projeto Gorutuba foi criado na região de Janaúba, Norte
de Minas, com o intuito de ser a grande forma de irrigação para atender as
demandas do agronegócio. Em meados da década de 70, a barragem do Bico da Pedra
foi construída e a população que residia na área da barragem foi expulsa de
suas terras, com pagamentos irrisórios ou sem nenhuma assistência
governamental. Os moradores que estão às margens dos canais de irrigação não
têm acesso à água que passa a poucos metros de suas casas, enquanto que toda a
estrutura de irrigação está serviço das grandes monoculturas, entre elas a
banana, que ocupa grandes extensões de terra na região de Nova Porteirinha.
(*Thiago Alves é jornalista do Movimento dos Atingidos
por Barragens)
***Aguardamos o posicionamento da Assessoria
de Comunicação da Codevasf.
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