Reportagem de Oliveira Júnior
Fotos de Sílvio da Silva
Edição de Wallison Freitas
Centenas
de janaubenses e moradores de outros municípios da região da Serra Geral de
Minas estão diretamente envolvidos na luta contra o câncer. Eles travam o duelo
para sobreviverem, mesmo com o desgaste físico e emocional decorrente das
viagens de ida e volta ao setor de Oncologia, na cidade de Montes Claros. A
maratona inicia com a solicitação, através do Tratamento Fora de Domicílio
(TFD), de vaga nos veículos que transportam os pacientes em busca de
especialidade médica. Conseguir o transporte, às vezes, é complicado diante da
demanda de pacientes. Eles fazem as sessões de quimioterapia e radioterapia, em
Montes Claros, já que a cidade onde residem não comporta essa especialidade
médica.
“Todos
temos um câncer dormindo em nós.” A informação parece absurda, mas, o Dr. David
Servan-Schreiber – renomado médico, pesquisador e ex-paciente oncológico
francês – sintetizou nesta pequena frase uma verdade que é irrefutável no mundo
moderno. Com base em sólida atividade científica e na experiência de sobreviver
15 anos após ser acometido por um câncer no cérebro que, diga-se de passagem,
costuma matar o paciente em um período que varia entre seis semanas (sem
tratamento) há seis meses (com tratamento) – o Dr. David estudou profundamente
a doença e informou: “A genética contribui no máximo com 15% para a mortalidade
do câncer – todas as pesquisas concordam.”
“Eu
tenho câncer de pulmão. Estou na fase final do tratamento e estou aprendendo a
reviver”, declarou o fruticultor Clemente Teles Neto que descobriu a doença em
novembro de 2011. Casos iguais a de Clemente se misturam na legião de
janaubenses que, de uma forma ou de outra, se esforçam para ter a devida
assistência e, com isso, darem seqüência à vida. Quanto mais cedo recorrer ao
profissional médico melhor será. De acordo com a equipe médica da Oncomed, de
Belo Horizonte, que assiste Clemente nos últimos quatro meses, o êxito do
tratamento do janaubense se dá, principalmente, em função da precocidade do
diagnóstico. O paciente tem sido submetido à quimioterapia e à radioterapia.
Clemente Teles ou Kelé, como é mais conhecido, fez questão de relatar para MAIS
essa nova trajetória da sua vida. “Alerto a todos sobre a importância dos
exames periódicos e check-ups médicos anuais. Todos nós conhecemos histórias de
pessoas que passam anos sofrendo para tentar curar um câncer. Ouvimos falar das
dores, dos enjôos e dos efeitos colaterais...”, orientou o fruticultor que
reconhece que o acesso ao tratamento é muito caro, apesar de ter a cobertura do
Sistema Único de Saúde (SUS).

E
é justamente pelo SUS que a maioria dos pacientes de Janaúba e da Serra Geral
recorre ao tratamento. Nas primeiras horas do dia as principais rodovias da
região são literalmente invadidas pela romaria desses pacientes que se
aglomeram em micro-ônibus, vans e automóveis próprios ou cedidos pelo poder
público. Três e meia da madrugada. Esse é o horário que um pedreiro janaubense
tem acordado para preparar o café e depois se deslocar para a praça onde, por
alguns minutos, ainda no escuro, aguarda a chegada do veículo coletivo que o
leva para a cidade de Montes Claros visando o tratamento no setor de Oncologia.
Chega ao destino por volta de 7h ou sete e meia da manhã. O retorno ocorre
apenas à noite, isso quando não precisa ficar internado. Há momentos de
angústia e raiva, pois não é raro acontecer transtornos e constrangimentos para
se obter a vaga no transporte. Para conter mais esse sofrimento dos pacientes e
familiares, o vereador janaubense Paulo Roberto de Oliveira, o Pauleca,
reivindicou a implantação do serviço de Oncologia na cidade de Janaúba como
forma de se tornar ágil o atendimento aos pacientes da região da Serra Geral de
Minas e, conseqüentemente, desafogar o sistema em Montes Claros. Há casos em
que pacientes viajam mais de 600 quilômetros para obter dessa assistência no
tratamento contra o câncer. Em Janaúba estão cadastrados em torno de 400
pacientes na Secretaria Municipal de Saúde que requerem os serviços
oncológicos, principalmente com relação ao câncer de próstata e câncer de mama
e de pulmão. “Aqui em Janaúba já temos o Hospital do Rim, o serviço de
hemodiálise. A implantação da Oncologia aqui trará inúmeros benefícios para
quem necessitar desse atendimento que, infelizmente, tem tido uma grande
demanda”, comentou o vereador Pauleca, que é funcionário publico estadual na
área de Saúde.
Apesar
dos órgãos públicos não possuírem um número exato de pacientes que fizeram ou
realizam o tratamento, o aumento dos casos de câncer no Norte de Minas,
principalmente na região da Serra Geral de Minas, era evidenciado há cerca de
10 anos. Naquela ocasião, em 2003, o médico Wellington Pacífico Campos de Lima,
concluiu que em torno de 7 mil pessoas entre agricultores e familiares,
incluindo crianças, do Projeto Jaíba, no município de mesmo nome, estariam
contaminados com agrotóxico que poderia, caso não houvesse o imediato tratamento,
causar câncer. Durante quatro anos ao desenvolver trabalho de pós-graduação
pelo Centro Educacional São Camilo e Faculdade de Medicina de Itajubá,
Wellington Lima, médico e ex-prefeito de Jaíba (2005 a 2008), constatou que o
uso demasiado e inadequado de agrotóxico nas plantações teria provocado a
contaminação de 54% dos pequenos produtores do projeto. As vítimas são seriam
apenas as que faziam a aplicação do produto químico, sem a devida proteção,
contra pragas nas lavouras, mas as que moram nas proximidades e também quem
consome as frutas e verduras oriundas das plantações pulverizadas com
agrotóxicos. E essa situação não difere de outros municípios da região. Não tem
sido difícil deparar com aplicações de agrotóxicos, inclusive com pulverização
em avião apropriado, em lavouras do Projeto Gorutuba em áreas urbanas e
habitáveis dos municípios de Janaúba e de Nova Porteirinha.
A
evolução do câncer depende de cada organismo. O estilo de vida que cada
indivíduo tem levado também influencia no desenvolvimento da doença. Antes da
descoberta que tinha câncer, o fruticultor Clemente saboreava à vontade e até
com certo exagero uma boa alimentação e bebida. Entretanto, ele aprendeu
através da dor a importância da moderação e do compromisso com o equilíbrio
entre aquilo que deseja e o que pode e deve fazer. Ele trata com a maior
naturalidade essa mudança de comportamento.
O
diagnóstico do câncer assusta qualquer pessoa e enfrentar o tratamento exige
muita coragem e determinação. Externar essa situação também nos traz revelações,
principalmente no que diz respeito ao carisma e legião de apoio. O janaubense
Clemente Teles, adepto das redes sociais de relacionamento, caso do Facebook,
experimenta essa receptividade. A cada relato, incluindo fotografias no setor
de tratamento, que posta no Facebook, Kelé Teles recebe inúmeros comentários.
Isso ocorre também em outros meios de comunicação, caso de e-mail e telefone
celular. “São pessoas com as quais eu não falava há anos, ou aqueles com os
quais eu convivia cotidianamente transmitiram-me uma força inenarrável e
fortaleceram diariamente meu desejo de viver. A todos vocês, de longe e de
perto, agradeço imensamente pelo carinho e pelo apoio”, relata Kelé que destaca
o apoio incondicional da família e dos profissionais que lhe tem acolhido nessa
caminhada onde tem apreendido a conviver, caso de Alda, do Hospital Felício
Roxo, que tem sido atenciosa; da Doutora Letícia Carvalho por confortar a ele e
à família, e da equipe do Oncomed/BH pelo empenho e competência.

Seja
otimista! Busque forças na sua fé, crença ou religião! Apóie-se nos amigos –
eles existem e aparecem! Encare a doença
de frente, olhe pra ela e diga: “Eu quero e eu vou viver!”. Reúna as forças
dentro de você, vasculhe seu íntimo e pense no quanto a sua família te ama.
Transforme este amor em energia e bombardeie seu câncer todos os dias com, pelo
menos, um sorriso! Essa recomendação de conduta é de Clemente que age com
realidade e bom-humor para superar as fases do tratamento.
“Faço
um alerta destacado aos homens e mulheres jovens, especialmente as mães com
crianças pequenas, que trabalham muito e não têm tempo para cuidar de sua
própria saúde - e aos pais que costumam pensar que nada de mal acontecerá à sua
família”, citou o fruticultor para quem é indispensável fazer exames
periódicos, check-ups anuais e é fundamental ter acesso aos modernos centros de
tratamento. Além de Clemente Teles, outros janaubenses também têm recorrido à
capital mineira em busca de tratamento especializado para conter o avanço do
câncer. Nesse quesito de driblar os malefícios e, sendo assim, prolongar mais
ainda a vida, há moradores de Janaúba que utilizam das economias para um bom
tratamento, pois nem todos os tipos de consultas e cirurgias os planos de saúde
cobrem. “Não estou esbanjando dinheiro. Estou investindo na minha vida”,
justificou um servidor público estadual aposentado que já fez tratamento contra
câncer e tem acompanhamento neurológico.
A
maioria dos brasileiros que têm câncer não sabe, mas o simples diagnóstico da
doença garante a eles direitos especiais. Todo paciente de câncer, independente
do tipo e da gravidade, pode sacar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o
FGTS; assim como o PIS/PASEP. Se uma criança tem câncer, mas os pais trabalhem,
eles podem sacar o FGTS. A solicitação deve ser feita em uma agência da Caixa
Econômica Federal. É preciso apresentar os documentos pessoais originais e o
exame anatomopatológico, que diagnostica o câncer. O exame anatomopatológico é
um documento essencial para qualquer tipo de benefício. Ele normalmente está no
prontuário médico do paciente ou no laboratório onde foi feito o exame.
O
paciente também tem direito a licença médica e a receber o auxílio-doença.
Outro direito é a isenção de imposto de renda. Esses benefícios devem ser
solicitados ao INSS.
Direitos
e tratamento especial que, apesar de não aliviar as dores ou amenizar a pressão
psicológica de doenças, podem tornar menos difícil o cotidiano do paciente.
Diminuir as preocupações do doente e oferecer carinho e alegria pode não curar,
mas ajuda muito na qualidade de vida e na possível cura. (Fonte: revista MAIS, edição fevereiro/março 2012 - Janaúba/MG)
Comentários
MAS, ESTA SITUAÇÃO D EUM DOENTE VIAJAR, FICAR ESPERANDO O DIA TODO, PASSAR NECESSIDADE NA ESTRADA E AINDA TER GENTE COBRANDO PASSAGEM PARA AJUDAR OS MOTORISTAS ISOS JA E DEMAIS.
OUTRO DIA VIMOS A SAUDE DE PAI PEDRO DOBRANDO PARA ESSAS PESSOAS ANDAREM NOS ONIBUS QUE TRANSPORTA ESSA GENTE.
PORQUE NAO INSTALAR UMA UNIDADE PARA ATENDER A POPULAÇÃO DE JANAUBA E VIZINHANÇA AQUI EM NOSSO MUNICIPIO.sE PRECISAR DO IMOVEL PARA ESTA FINALIDADE PODE CONTAR COMIGO, ATE PARA COM AJUDA PARA CONSTRUÇÃO, MAS; TEM QUE COIBIR A ROUBALHEIRA EM TODOS SETORES PARA QUE ALGO SEJA FEITO DE IMEDIATO POR ESSA GENTE QUE ESTA A MERCÊ DA FALTA DE SORTE DE PRECISAR DA SAUDE PUBLICA.
ACORDA JANAUBA