MONTES CLAROS (por Elídio Rocha) – Amanhã, sábado, dia 14 de maio, o CineSesc e o Cinema Comentado Cineclube, em parceira com o Curta Circuito Cineclube, exibem SEM ESSA ARANHA (1970), dirigido por Rogério Sganzerla. No filme, um banqueiro vive perigosamente dividido entre três mulheres: uma loira, uma morena e outra negra – sua verdadeira paixão.
O CineSesc, o Cinema Comentado Cineclube e o Curta Circuito Cineclube (que conta com o patrocínio da Usiminas e é realizado com o benefício da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais) acontecem aos sábados, a partir das 19h, no Salão de Convenções do Sesc-Pousada Montes Claros – rua Viúva Francisco Ribeiro, 199 (Ginásio do Sesc). As sessões são gratuitas, abertas a todos os interessados, e depois acontece um bate-papo com a platéia sobre o filme apresentado.
O filme inspirou a música “Qualquer Coisa”', de Caetano Veloso, que no refrão diz “Sem essa, aranha/Nem a sanha arranha o carro/Nem o sarro arranha a Spaña”. Aranha é o personagem interpretado por Jorge Loredo, também conhecido por Zé Bonitinho.
SEM ESSA ARANHA faz uma homenagem à produtora Belair e seus idealizadores – Júlio Bressane e Rogério Sganzerla. Durante quatro meses, em 1970, os cineastas realizaram sete longas-metragens num ritmo de produção essencialmente criativa e contínua. A proposta era registrar e defender a interface (ou sinergia) entre narrativa e perfomance, alegoria e corpo, metáfora e pátria. Para Bressane e Sganzerla, “o mundo e a vida decorriam da experiência do cinema: filmar é uma experiência vital e os filmes são documentos da relação entre homem, realidade e imagem cinematográfica”.
Definindo-se como o “último capitalista brasileiro”, Aranha faz uma reflexão sobre o Brasil e assume a fuga para o exílio no Paraguai. Ao mesmo tempo, freqüenta boates e inferninhos em uma cenografia que remete aos morros cariocas. Para o crítico Remier Lion, “números musicais com Moreira da Silva e Luiz Gonzaga, stripteases, um pacto com o demônio e artistas de circo completam essa eletrizante chanchada psicodélica, apresentada em quinze planos-seqüência de tirar o fôlego e enquadrados com estilo câmera-na-mão”.
A programação de sábado completa-se com a exibição do curta-metragem “Noel por Noel”, ensaio documental sobre a música e o tempo de Noel Rosa, com colagem de imagens de arquivo, fotografias de época e filmagens de blocos carnavalescos em Vila Isabel. Experiência marcante do cinema marginal (ou “udigrúdi”), SEM ESSA ARANHA é o exemplo de uma obra referencial, moderna e imagética. Classificação etária do programa: 14 anos.
PRÓXIMAS ATRAÇÕES
21/05 – “Cuidado Madame” (1970), dir: Julio Bressane.
28/05 – “Pan Cinema Permanente” (2008), dir: Carlos Nader.
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