MONTES CLAROS (por Elpídio Rocha) – No sábado, dia 16 de outubro, o Cinema Comentado Cineclube e o CineSesc oferecem uma visão bem especial da infância com a exibição de Léolo (1992), uma obra-prima poética e um dos filmes mais emblemáticos da década de 1990.
O Cinema Comentado Cineclube, em parceria com o CineSesc, acontece todo sábado, a partir das 19h, no Sesc-Pousada Montes Claros – rua Viúva Francisco Ribeiro, nº 199. A entrada é gratuita e há sempre um bate-papo após as exibições.
Sozinho no meio da noite, o menino Léolo abre seu baú de recordações. E com uma candura despreocupada, escreve suas observações sobre o mundo num caderno. Suas memórias falam de pensões e quintais esquálidos na parte leste de Montreal; de roupas em varais, esvoaçando levemente na fumaça da fábrica próxima; e de uma família assolada pela loucura: Um pai obcecado com a saúde dos intestinos da família; um irmão cujos exercícios de musculação mal conseguem esconder seu medo das pessoas; e um avô – o responsável pelo fracasso genético da família. Cada vez mais afundado nessa insanidade, Léolo consegue viver uma vida dentro de si mesmo.
Indicado para a Palma de Ouro, em Cannes, Léolo é considerado o grande representante do cinema canadense do final do século XX – ao lado dos premiados trabalhos de Denys Arcand: “O Declínio do Império Americano” e “As Invasões Bárbaras”. O diretor Jean-Claude Lauzon (morto precocemente num acidente de avião, em 1997) criou uma obra permeada de lirismo, nostalgia e humor negro. Na bela trilha sonora, destaque especial para a emblemática melodia, de Tom Waits, “Cold, Cold Ground”.
O filme demonstra características bem específicas e cinematográficas: uma fotografia estupenda e uma narrativa que compõe o retrato de infância baseado em cheiros, timbres, gostos e sensações. Dividido entre a paixão platônica por uma vizinha e a descoberta do próprio corpo, Léolo encontra nos sonhos e na imaginação uma fuga da realidade. Como ele próprio diz: “Porque eu sonho, eu não sou”. Assim, o garoto abre mão de sua liberdade física e começa a criar para si um mundo interior, que está muito próximo da mensagem final do seu livro de cabeceira: “A vida não se passa na terra, mas na minha cabeça”. Classificação indicativa: 16 anos.
O Cinema Comentado Cineclube, em parceria com o CineSesc, acontece todo sábado, a partir das 19h, no Sesc-Pousada Montes Claros – rua Viúva Francisco Ribeiro, nº 199. A entrada é gratuita e há sempre um bate-papo após as exibições.
Comentários