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Oliveira Júnior
Vice-prefeito Edésio Vital, prefeito Juracy Fagundes e o
senador Carlos Viana.
NOVA
PORTEIRINHA (por Giovanni Ribeiro ) – A possibilidade de que o projeto de
irrigação do Gorutuba, segundo maior do estado de Minas Gerais, ficando atrás
apenas para o Projeto Jaíba (maior da América Latina) possa ser interrompido
pela Agência Nacional das Águas (ANA), por causa da precariedade dos 25
quilômetros do canal mestre e dos vários outros secundários que conduzem água
até às plantações de hortifrutis (com uma perda de 50% de águas que correm
pelos canais, devido infiltração no solo, por causa de trincas nas estruturas
de concreto), e em decorrência das poucas chuvas que caíram na região no final
do ano passado e início de 2019 (hoje com apenas 14% de sua capacidade), tem
preocupado as autoridades políticas.
A
situação caótica poderá ocasionar, de imediato, uma perda de 10 mil empregos
diretos e indiretos em Janaúba e Nova Porteirinha, no Norte de Minas. Cerca de
95 mil pessoas poderão ficar sem água para o consumo humano (o que representa
40% da vazão dos canais do projeto Gorutuba), que há mais de 40 anos serve como
esperança de vida e renda para os moradores dessa região
A
afirmação é do prefeito de Nova Porteirinha, Juracy Fagundes, presidente do
Consórcio da União Serra Geral de Minas, que agrega 16 municípios da região.
Ele lembra que, quando assumiu a Prefeitura, em 2017, o Governo Federal tinha
investido apenas R$ 11 milhões no projeto Gorutuba e que, com ajuda de alguns
políticos, conseguiu mais R$ 29 milhões de reais, usados para melhorar e
equipar os canais do projeto. “Mas, o valor não foi o suficiente”, afirmou.
De
acordo com o prefeito, faltam ainda cerca de R$ 15 milhões para a conclusão da
primeira etapa do projeto. Ele está muito confiante nas promessas do senador
Carlos Viana, que se comprometeu a empenhar no sentido de conseguir o apoio do
Governo Federal, através do Ministério de Desenvolvimento Regional. “Se o nosso
senador conseguir esses recursos que faltam para conclusão da primeira etapa do
Gorutuba (R$ 15 milhões), evitará uma tragédia em nossa região, pois a ANA
poderá fechar o projeto, gerando mais de 10 mil desempregos diretos e
indiretos, sem dizer que aproximadamente 95 mil pessoas morrerão de sede, por
falta de água potável”, comenta.
Juracy
Fagundes lembra que, recentemente, após as eleições, Carlos Viana esteve no
município para agradecer a expressiva votação que obteve nas urnas em Janaúba e
Nova Porteirinha. “Essa foi a primeira vez que um senador eleito visitou as
nossas cidades em reconhecimento ao apoio recebido nas urnas”, disse,
destacando que ficou muito emocionado com a nobre atitude do senador.
O
prefeito de Nova Porteirinha afirmou que, o senador, já está tentando junto à
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) e
Departamento Nacional de Combate à Seca (Dnocs) para providenciar levantamentos
técnicos no sentido de recuperar os canais do projeto, viabilizando recursos
necessários (cerca de 15 milhões) junto ao Governo Federal.
“Carlos
Viana foi o único senador que abraçou a nossa causa. Nunca em toda existência
do projeto, ao longo desses 40 anos, algum senador mineiro veio aqui em Nova
Porteirinha para se prontificar a nos ajudar. Estamos muito confiantes”, frisa.
VIDA
ÚTIL DO PROJETO
Construído
para uma vida útil de 30 anos, o projeto Gorutuba já está com 40 anos em
funcionamento. No projeto de irrigação, 60% de toda água, é utilizada
diretamente nos projetos de hortifrutis localizados em Nova Porteirinha (o que
representa 5 mil hectares) e Janaúba (mais 1,5 hectares), com cultivos de
banana, manga, uva, mamão, entre outros
"Vale
lembrar que esses produtos são comercializados nos grandes centros do país,
como; por exemplo, na Ceasa em Belo Horizonte”, explica.
Uma
parte desses recursos hídricos é usada também na agricultura familiar, com o
plantio de feijão e milho, que serve de subsistência para as famílias carentes
que vivem no projeto. "No Gorutuba, temos 60% de pequenos produtores. Os
outros 40% são de médios e grandes empresários que exercem as suas atividades
com grandes irrigações, gerando dezenas de empregos diretos e indiretos",
explica Juracy Fagundes, lembrando que alguns produtos são também exportados
pra fora do país.
O
prefeito acredita que se não chover nos próximos dias, até o mês de maio, a ANA
vai cortar todas as outorgas de direito de uso de recursos hídricos,
finalizando de vez todas as atividades do projeto, que funciona gerando renda e
empregos há mais de 40 anos.
O
presidente da entidade faz questão de lembrar que, por ser canais de concretos
abertos, muitas das vezes a água consumida pelos irrigantes, até para consumo
humano, podem estar contaminadas, pois constantemente caem animais mortos ao
longo do seu leito, comprometendo a saúde pública dos sitiantes.
Juracy
Fagundes diz que a capacidade da barragem do Bico da Pedra está com apenas 14%
do seu volume de vazão de água e que por isso se faz necessário o bombeamento
dos recursos hídricos até os canais, o que gasta muita energia. “Estamos usando
apenas 50% do volume morto d’água. Se não chover nos próximos dias, com certeza
a barragem vai secar e a ANA vai interromper a retirada de água”, prevê.
IMPLANTAÇÃO
DO PROJETO
Finalizando,
o prefeito lembra que a implantação desse projeto somente foi possível devido à
construção do reservatório do Bico da Pedra. Com capacidade de acumular 705
milhões de m3 de água, suas estruturas compreendem 127 km de canais, com vazão
inicial de 6m3/s, 136 km de drenos e 320 km de estradas, além de um dique com
5,4 km contra as enchentes do rio Mosquito. A construção desse reservatório
teve como objetivos principais, a regularização da vazão ecológica do rio
Gorutuba, o fornecimento de água para os projetos irrigados do Gorutuba e Lagoa
Grande, o abastecimento público de água para os municípios de Janaúba e Nova
Porteirinha, e para abastecimento industrial.
Os
pequenos irrigantes residem em três núcleos habitacionais e alguns nos próprios
lotes, havendo, ainda, um centro técnico-administrativo, três escolas e quatro
postos de saúde.
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