- Paciente foi internada em
hospital de Janaúba e procurou a Unidade após sentir dores; médico afirma ter
encontrado coágulo e disse que não esqueceu gaze no corpo dela
JANAÚBA
(Por Juliana Gorayeb/G1 Grande Minas) – Uma mulher de 32 anos registrou um
boletim de ocorrência junto a Polícia Militar de Janaúba nesta terça-feira (18)
em que acusa um médico de ter esquecido uma gaze, geralmente utilizada para
fazer limpeza de curativos, dentro do corpo dela. A paciente da Fundação
Hospitalar de Janaúba (Fundajan) foi submetida a um parto normal há dez dias e
foi internada na mesma unidade de saúde na noite dessa segunda (17); a família
relata que a mulher sentiu dores, febre e pressão alta e por isso resolveu
procurar atendimento.
Segundo
a família da paciente, ela foi atendida pelo mesmo médico que realizou o parto
e ele teria encontrado a gaze que esqueceu dentro dela. A irmã da mulher diz
que ela recebeu alta na manhã desta terça e que passa bem. Ela relata que a mãe
viu o momento em que o médico retirou a gaze da região vaginal da irmã e jogou
no lixo, e por estar assustada com a situação resolveu recolher o material
junto às luvas descartadas da lixeira.
“Ele
tirou a gaze de dentro da vagina dela e jogou no lixo, junto a restos de
placenta. Ele até tentou esconder com as luvas, já foi retirando a luva e
enrolou na gaze para disfarçar e jogou fora. Minha mãe resolveu recolher porque
a situação é muito absurda, aí tiramos a foto para registrar”, conta Jéssica
Karine De Jesus Machado, irmã da paciente.
A
paciente desconfiou que algo estava errado porque a suposta gaze esquecida
provocava mau cheiro e dores, segundo familiares. Jéssica conta ainda que a
família teve problema com o médico desde o dia do parto porque a irmã não foi
submetida a cirurgia cesárea.
“Ela
estava com pressão alta e sentindo muitas dores. Mesmo assim, ele disse que não
havia recomendação para cesárea e ela ficou horas em trabalho de parto. Houve
demora no atendimento, muita dificuldade. A pediatra até disse que uma
alteração nos olhos do bebê pode ser por conta do parto normal forçado”, diz.
A
família da paciente informou que protocolou uma denúncia junto ao Ministério
Público no fim da tarde desta terça-feira (18).
O
que dizem os responsáveis pelo atendimento
No
boletim de ocorrência, o médico que atendeu a paciente informou que ela esteve
internada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que passou por trabalho de parto
sem apresentar nenhum estado de emergência que exigisse cesariana.
Por
telefone, o médico confirmou ao G1 que fez um segundo atendimento à paciente
nessa segunda e que não sabe como a família chegou à conclusão de que ela
estivesse com uma gaze esquecida dentro dela.
“Não
sei como chegaram a essa conclusão. Recebi um plantão semana passada e eles
estavam lá interessados em fazer cesárea, mas não tinha indicação. Foi feito um
parto normal. Depois de 10 dias eles me procuraram no hospital, alegando que
ela sentia dores. A episiotomia [corte feito para ampliar canal de parto]
estava infeccionada, e uma outra médica já havia passado antibiótico. Ontem eu
examinei, o corte estava normal, mas tinha secreção. Fiz um toque e tinha um
coágulo de sangue e pus. Eu orientei ela a continuar tomando antibiótico e
limpei, só isso”, explica.
O
médico disse que acredita que a família ficou insatisfeita por não ter sido
feita a cesariana. “Isso tudo partiu de um parto que não foi cesárea como eles
queriam. Eles estão tentando por algum intuito me prejudicar, mas não vão
prejudicar não”, diz.
O
membro da comissão interventora responsável pelo hospital, Bruno Ataíde, também
foi procurado pelo G1 e afirmou que a Fundajan vai apurar o caso. “O hospital
vai apurar o caso junto ao diretor técnico. O diretor vai checar prontuário,
fazer todo trâmite para apurarmos a conduta do profissional. O médico relata
que não é uma gaze. Até então, o que a gente sabe é pelas redes sociais, mas
ainda não fomos notificados pela ouvidoria. Estamos agindo para apurar os fatos
e depois nos manifestar”, diz. (Fonte G1 Grande Minas)
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