Número de cidades com surto da doença subiu oito
vezes em menos de um mês; total de doentes é impreciso
BELO
HORIZONTE (por Tatiana Lagôa) – O aumento dos casos de conjuntivite deixa em
alerta o Norte de Minas. Em menos de um mês, o número de cidades com surtos da
doença cresceu oito vezes. Dezesseis municípios da região já registraram um
salto expressivo dos casos. Em março eram apenas dois, conforme dados da
Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
A
estatística mais encorpada pode ser reflexo do fato de as prefeituras estarem
preocupadas com a situação e mais atentas à notificação – não compulsória. O
Estado reforça que a doença é sazonal e os dados podem variar a cada ano.
O
número de pessoas doentes no Estado também é impreciso. Cabe às administrações
municipais informar apenas os surtos, caracterizados pela elevação repentina
das vítimas em uma mesma localidade, seja em ruas, bairros ou instituições.
Uma
mesma cidade pode ter vários surtos. No Estado já são 1.962 em 222 cidades.
Belo Horizonte teve a maior incidência, com 321 até o momento. No Norte de
Minas, as notificações ocorreram em Montes Claros, Rio Pardo de Minas, Matias
Cardoso, Lagoa dos Patos, Jequitaí, Guaraciama, Glaucilândia, Francisco Sá,
Espinosa, Coração de Jesus e Capitão Enéias.
Foto Oliveira Júnior
Oftalmologista Ariadna Borges Muniz: atendimento médico imediato pode evitar a proliferação da conjuntivite.
MONTES CLAROS
Só
em Montes Carlos são 30 surtos. Segundo a prefeitura, já foram registrados
2.800 doentes. O Executivo local lembra que a situação não ocorreu em anos
anteriores, o que impede qualquer comparação.
Para
a oftalmologista Ariadna Borges Muniz, diretora da Fundação Hilton Rocha, a
situação é ainda mais grave do que os números sugerem. Conforme ela, várias
pessoas não buscam atendimento médico e, portanto, não entram nas estatísticas.
“Às vezes, quando mais de uma pessoa é acometida pela doença na mesma casa,
todos usam a medicação anterior, sem consultar o médico”, explica Ariadna,
também coordenadora do setor de oftalmologia do Hospital das Clínicas Mário
Ribeiro da Silveira.
A
médica reforça o coro de que o número de surtos pode ter relação com a maior
notificação. “Como a doença começou a se espalhar, a própria secretaria tem
exigido mais esses dados e os municípios têm repassado”.
A
infectologista da SES-MG Tânia Marcial afirma que não é possível explicar com
exatidão o aumento dos casos. Mas pondera: “Um dos motivos pode ser uma maior
sensibilização dos profissionais de saúde para notificação dos surtos”.
Forte
calor favorece quadro
Típica
de períodos quentes e úmidos, a conjuntivite também pode ter sido contraída por
mais pessoas devido ao forte calor e às chuvas intensas dos últimos meses.
“Com
chuva e calor, as pessoas ficam em locais fechados. Em áreas de pouca
ventilação, a transmissão de conjuntivite virótica tende a ser maior. E neste
ano, tivemos mais chuvas, o que forçou que a situação ocorresse mais vezes”,
explica o coordenador médico da Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo
Horizonte, Wagner Batista.
A
Secretaria de Saúde informou que desde que os surtos começaram a ser
comunicados o Estado encaminhou nota técnica para as regionais com orientações.
Além disso, apesar do crescimento, a pasta informou que os dados já teriam
apresentado redução nos últimos dias. (Fonte: jornal Hoje em Dia)
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