Por
Artur Leite*
Em
seu artigo publicado no Jornal de Notícias do último dia 11 (agosto/2016), Dom
José Alberto Moura publicou interessante artigo onde trata de vitórias e
derrotas na política. Ele, que não tem simpatia explícita pela atual
administração, foi muito feliz ao abordar um sentimento muito atual, onde o
prefeito afastado Ruy Muniz tem sido vítima da maior perseguição que se tem na
história recente da política administrativa de Montes Claros. O inédito artigo
vale muito a pena ser republicado e refletido. É o que estou fazendo:
Muitos
acham que se vencem os opositores maquinando e realizando atos, projetos,
armadilhas, processos, calúnias, difamações e até mentiras e outros meios
desonestos. Dessa forma, podem constranger, vingar-se e tirar da concorrência
os de diferentes ideias, ideais e pleitos. Na política isso acontece com muita
frequência. Julgam, assim, que vencem na marra, porque se apropriam do lugar
concorrido por outros. Confundem, mesmo propositalmente, conforme a
conveniência, adversários com inimigos. Aliás, a boa concorrência é salutar
quando realizada dentro da ética, da lei e do respeito aos outros.
A
vitória, no entanto, não é simplesmente a de quem ganhou, lícita ou
ilicitamente. É sim de quem contribui para o benefício social, dentro das
regras do humanismo e do respeito à dignidade humana, mesmo perdendo uma
disputa de cargos e funções. Jesus é o maior vencedor, mesmo na aparente
derrota imposta por quem conseguiu matá-lo. Do alto da cruz pediu ao Pai o
perdão para seus algozes. Sua ressurreição foi a maior vitória. Seguindo-O,
aprendemos a ganhar quando damos vez e até perdoamos a quem nos faz o mal.
Ensina-nos a pagar o mal com a misericórdia e a realização do bem a quem nos
ofende. O ganho não está na vitória em relação a um pleito disputado. Está mais
na grandeza de se esforçar para servir e colaborar com os opositores para eles
realizarem o maior benefício à coletividade. Concorrer com meios éticos e
métodos cidadãos, mesmo perdendo, vale mais do que a vitória com meios
desonestos, ilegais e imorais. Só a pessoa de bom caráter sabe usar os meios
lícitos para a disputa.
Na
época do profeta Jeremias, ele foi perseguido por dizer e defender a verdade.
Colocaram-no em cisterna com barro para ele morrer de fome. Foi salvo porque
foi defendido por pessoas de bem (Cf. Jeremias 38,4-10). Estas foram instrumentos divinos para salvar
um inocente das mãos de pessoas vingativas e maldosas.
A
carta aos hebreus lembra o quanto Jesus sofreu e suportou a infâmia,
enfrentando a oposição por parte dos pecadores, dando o exemplo para a pessoa
de bem não se abater nem desanimar. É preciso resistir à tentação da corrupção
e do pecado (Cf. Hebreus 12,1-4), não caindo na armadilha de quem usa meios
anticidadãos para vencer a qualquer custo.
O
desafio de Cristo é grande para se conviver e se impor em relação aos que usam
de meios imorais para se projetarem. Ele até diz: “Eu vim lançar fogo sobre a
terra... vim trazer a divisão” (Lucas 12,49.50). Seu método não é aceito por
quem é egoísta e não pratica a justiça, opondo-se a quem promove o bem com
honestidade, verdade e respeito aos valores morais. A vitória acontece para
quem dá de si em proveito do semelhante, tudo fazendo para favorecer os outros
de modo justo, solidário e fraterno. O ditado “rouba, mas faz” não está no
dicionário de quem tem grandeza moral e não tira o que é dos outros em vantagem
própria ou de grupos privilegiados. Roubar do próximo é roubar de Deus! A
pessoa que assim o faz vai ter que prestar contas ao Criador.
Neste
ano da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco, precisa-se chamar a
atenção dos que participam das eleições municipais, eleitores e elegíveis, para
terem misericórdia da sociedade, principalmente dos mais deixados de lado na
justiça social, para usarem dos meios éticos no eleger e serem eleitos. Comprar
e vender votos é uma grande injustiça para com todos. Vence quem tem grandeza
de caráter e contribui, com meios lícitos, para um bom pleito.
(*)
Jornalista e Professor
**Publicado
no jornal O Norte, edição de 16 de agosto de 2016
http://www.onorte.net/editorial_16-08-2016-oposicao-e-vitoria
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