MONTES
CLAROS – A Cooperativa Agropecuária Regional de Montes Claros (Coopagro), um
dos marcos da economia do Norte de Minas, iniciou processo de liquidação
voluntária e, com a venda de parte dos seus imóveis para pagar a dívida de R$
50 milhões com vários credores, principalmente os bancos. O presidente da
instituição, José Luiz Maia, salienta que isso foi aprovado durante a
Assembleia Geral Extraordinária, dia 1º de junho e se tornou uma opção para
evitar que os bens fossem desvalorizados e levados a leilão. O advogado Renato
Alencar Dias, diretor jurídico da Sociedade Rural de Montes Claros, foi nomeado
liquidante. O patrimônio da Coopagro é estimado em R$ 80 milhões.
Um
dos marcos da história do Norte de Minas, a Coopagro se consolidou como uma das
maiores do ramo em Minas Gerais. A sua força pode ser medida com a elevação do
seu então presidente Jairo Ataíde na área política. Na década de 80, uma forte
quebra de braço envolveu o então prefeito Luiz Tadeu Leite com os dirigentes da
instituição. Porém, na década de 90, a Coopagro começou a entrar em decadência.
Teve que paralisar quase todas suas atividades e acumular dívidas.
O
atual presidente José Luiz Maia salienta que “não se trata de liquidar a cooperativa
e sim liquidar os seus passivos. Ficamos frustrados com os rumos que tivemos de
aceitar para a cooperativa. Mas vamos recomeçar para voltar à fase de
resultados satisfatórios. A liquidez é uma medida legal”. A Coopagro passa a
existir dentro de um novo regime jurídico específico o que implica em uma série
de tratamentos diferenciados. Há um ano e meio a frente da cooperativa, o
presidente afirma que nesse tempo, todas as medidas que possibilitassem a
alienação dos imóveis foram tomadas.
No
primeiro momento, a intenção era saldar as dívidas vendendo parte do patrimônio,
avaliado em R$ 80 milhões, mas a insegurança jurídica, aliado ao desaquecimento
da economia impediram a venda dos imóveis. Hoje, as dívidas estão na casa dos
R$ 50 milhões de reais. “As dívidas
foram renegociadas em 2000, mas sem procurar a sustentação de gerar recursos
financeiros para quitá-las no seu vencimento. Só era feito a prorrogação, além
disso, precisa também ser resolvido o passivo trabalhista”, destaca.
Ele
lembra que a forma como as execuções vêm acontecendo, levariam os bens da
Coopagro para um leilão público por não ter renda para bancar essas dívidas e
como em leilão os bens são vendidos por valor inferior ao valor real, buscou se
esta estratégia de vender no mercado e evitar a desvalorização. Após quitar os
débitos, uma assembleia será convocada pelo liquidante quando então será
decidido o futuro da Coopagro, podendo retomar suas atividades com a sobra ou
então fechar de vez.
Atualmente
a Coopagro tem a Usina de Leite, no bairro São João, que está atualmente
arrendado para a Cooperativa de Leite (Coopnorte), o Posto de Combustível na
avenida Ovídio de Abreu, o prédio central na rua Pires e Albuquerque, que foi
alugado para a Advocacia Geral do Estado, em pagamento de dívidas, o prédio
onde funciona um Supermercado, na rua Dom João Pimenta e ainda a Usina de
Algodão, na saída para Janaúba. O advogado Renato Alencar explicou que em dois
anos terminará seu trabalho, pois espera o melhor momento para vender os
imóveis, pois agora não é o adequado. (Fonte: Gazeta Norte Mineira, edição de
15 de julho de 2015)
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