Foto Oliveira Júnior
Arcebispo Dom Geraldo
Majela de Castro. Antes de Janaúba se tornar Diocese, Dom Geraldo era Bispo no
Norte de Minas.
MONTES
CLAROS (por Oliveira Júnior) – Faleceu na manhã desta quinta-feira, dia 14 de
maio, o arcebispo emérito de Montes Claros, Dom Geraldo Majela de Castro. Aos
84 anos, o norte-mineiro Dom Geraldo não resistiu à enfermidade. O arcebispo
emérito estava internado na Santa Casa há 2 anos e 9 meses acometido de uma
rara doença conhecida como ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica.
Muito
pouco se sabe ainda sobre ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica. Estudos
comprovam até o momento que é uma doença provocada pela degeneração progressiva
no primeiro neurônio motor superior no cérebro e no segundo neurônio motor
inferior na medula espinhal. Esses neurônios são células nervosas
especializadas que, ao perderem a capacidade de transmitir os impulsos
nervosos, dão origem à doença. Não se conhece a causa específica para a
esclerose lateral amiotrófica. Parece que a utilização excessiva da musculatura
favorece o mecanismo de degeneração da via motora, por isso os atletas
representam a população de maior risco.
O corpo do arcebispo Dom Geraldo Majela está sendo velado na Igreja Matriz de Montes Claros, onde, às 19h desta quinta-feira haverá missa de corpo presente, e às 23h ocorrerá o translado o corpo para a Catedral sendo velado durante a madrugada e início da manhã de amanhã, sexta-feira, dia 15. Ás 9h terá uma missa de corpo presente e em seguida haverá o sepultamento do corpo de Dom Geraldo na própria Catedral, conforme a tradição da igreja.
Durante a tarde desta quinta-feira o corpo do arcebispo foi velado no seminário Premonstratense.
Montes-clarense
nascido em24 de junho de 1930, Dom Geraldo Majela de Castro é filho de Eunápio
Raimundo e Ana Batista de Castro, o primeiro de nove irmãos. Pertence à Ordem
Premonstratense, na qual entrou ainda garoto. Foi ordenado padre pelo Bispo Dom
Luiz Victo Sartori, no dia 8 de dezembro de 1953.
Participou
ativamente do pastoreio de Dom José Alves Trindade, que aqui aportou em 1956.
Em 1982, o Papa João Paulo II tornou pública sua nomeação como Bispo Coadjutor
(com direito à sucessão automática) de Dom José Alves e em 1988 assumiu o
governo da Diocese de Montes Claros. Em 2001, com a criação da Província
Eclesiástica de Montes Claros, tornou-se o primeiro Arcebispo Metropolitano. Em
2005, após completar 75 anos, idade-limite para a aposentadoria compulsória,
segundo o que reza o Código de Direito Canônico, escreveu sua carta-renúncia e,
em abril de 2007, passou o cajado a Dom José Alberto Moura, seu sucessor.
Dom
Geraldo Majela foi ordenado padre no já longínquo 1953, como cônego da Ordem
Premonstratense. A época era particularmente distinta dos dias atuais. O mundo
ainda vivia o pós-guerra e o recrudescimento das relações entre os blocos
capitalista, sob a batuta dos Estados Unidos, e comunista, à mercê da então
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. De contexto assim emergia a Igreja
Católica, que experienciava o papado de Pio XII, uma espécie de prenúncio das
mudanças profundas que marcariam de forma decisiva a trajetória da instituição.
Foto Oliveira Júnior
Dom Geraldo Majela na celebração de corpo presente no
velório do Bispo Dom José Mauro Pereira Bastos, em Janaúba, em setembro de
2006.
João
XXIII sucederia Pio XII cinco anos depois, na condição de papa de transição, ou
seja, apenas conduziria o Pontificado Romano, sem grandes sobressaltos, até a
escolha de alguém mais jovem – ele tinha 67 anos –, que pudesse, à semelhança
do cardeal Pacelli – que governou durante quase duas décadas –, do trono de
Pedro oficializar as transformações que a contemporaneidade exigisse.
Ironicamente, coube a Roncalli, que passou para a história com o carinhoso
título de Papa Bom, convocar o Concílio Vaticano II. Um verdadeiro divisor de
águas na trajetória eclesial, iniciado em outubro de 1962 e finalizado em
dezembro de 1965, já no papado de Paulo VI. João XXIII presidiria apenas a
abertura da crucial iniciativa que, segundo atestam estudiosos, promoveria a
inserção da Igreja no mundo.
Padre
Geraldo Majela foi um dos entusiastas das reformas pastorais implementadas a
partir do Vaticano II e que escancarou as portas para o serviço leigo na
Igreja. Fiel colaborador de Dom José Alves Trindade, cujo pastoreio durou
espantosos 32 anos – de 1956 a 1988 –, logo recebera a missão de organizar a
atuação dos fiéis na Igreja Particular de Montes Claros na função de
coordenador de pastoral. Nunca esqueceria os ensinamentos de quem considerava
um “2º pai”, “Bispo missionário, bom pastor, que visitava seu rebanho,
garantindo a pregação e os sacramentos nas missões. (...) Percorreu a Diocese
como evangelizador das principais verdades da fé, arauto da vida cristã e moral
das famílias, promotor da verdadeira devoção a Nossa Senhora”, enfatiza Dom
Geraldo Majela, que não esquece a proximidade que seu antecessor mantinha com os
fiéis. “O grande confessor do povo até altas horas da noite, educador do povo
para as diversas práticas de higiene e saúde básica, de alimentação, boas
maneiras e da verdadeira política”.
Práticas
valiosas absorvidas pelo atento aprendiz, que o acompanhava nas viagens, não
raras vezes feitas a cavalo, aos rincões secos e sofridos do Norte de Minas. Um
costume que permaneceu inclusive após ser nomeado bispo coadjutor – com direito
à sucessão –, em 1982, e que fincou estaca em seu (arce)bispado. Afinal é uma
experiência fascinante e se torna um vício “para quem gosta de povo”. Dom
Geraldo Majela brinca que foi nessas peregrinações ao interior que aprimorou a
linguagem simples, explicativa e lamentavelmente prolixa, um “defeito” que até
hoje, admite, não conseguiu corrigir.
Para
confirmar essa facilidade de lidar com as pessoas, Padre Geraldo não titubeou e
escolheu como lema episcopal “Ide também vós para minha vinha”, sugestiva frase
de Jesus retirada do evangelho segundo São Mateus. Um pensamento que norteou as
ações de um governo ocorrido de 1988 a 2006, exatos 18 anos, e que testemunhou
“in loco” o boom das pastorais, espaço privilegiado de atuação leiga na Igreja.
Dom
Geraldo Majela também influiu decisivamente, ao lado do colega Dom Paulo Lopes
de Faria, que comandou a Arquidiocese de Diamantina por longos anos e que
morreu em meados deste ano, para a criação primeiro da Diocese de Janaúba –
nascida de território tomado das dioceses de Montes Claros e de Januária, e,
depois, da Província Eclesiástica de Montes Claros. Evidentemente, seu
desempenho favoreceu a elevação da Diocese que comandava à Sede Metropolitana
ou Arquidiocese, além da agregação, como sufragâneas, das igrejas particulares
de Januária, Janaúba e Paracatu.
VIDA
– Montes-clarense nascido em 1930, Dom Geraldo Majela de Castro é filho de
Eunápio Raimundo e Ana Batista de Castro, o primeiro de nove irmãos. Pertence à
Ordem Premonstratense, na qual entrou ainda garoto. Foi ordenado padre pelo
Bispo Dom Luiz Victo Sartori, no dia 8 de dezembro de 1953.
Participou
ativamente do pastoreio de Dom José Alves Trindade, que aqui aportou em 1956.
Em 1982, o Papa João Paulo II tornou pública sua nomeação como Bispo Coadjutor
(com direito à sucessão automática) de Dom José Alves e em 1988 assumiu o
governo da Diocese de Montes Claros. Em 2001, com a criação da Província
Eclesiástica de Montes Claros, tornou-se o primeiro Arcebispo Metropolitano. Em
2005, após completar 75 anos, idade-limite para a aposentadoria compulsória,
segundo o que reza o Código de Direito Canônico, escreveu sua carta-renúncia e,
em abril de 2007, passou o cajado a Dom José Alberto Moura, seu sucessor.
(Fonte: Arquidiocese e Matriz de Montes Claros)
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