JANAÚBA
(por Luiz Ribeiro e Cida Santana) – O sol forte é uma barreira para a atividade
no campo, sendo obstáculo para os lucros. Não para a criação do nelore. A
rusticidade e a adaptação da raça ao clima quente fizeram com que o Norte do estado
se transformasse em uma verdadeira vitrine de animais de boa qualidade.
Os
primeiros criatórios do “gado branco” nessa parte do estado surgiram na década
de 1970. Hoje, a região já é considerada um dos núcleos mais importantes em
termos de seleção de nelore do país. Segue o rastro do Triângulo Mineiro, que
ganhou fama por ser o berço da criação e do melhoramento genético das raças
zebuínas no país.
As
dificuldades climáticas, ao longo de décadas, trouxeram prejuízos para a
produção agrícola no Norte do estado, com os produtores tendo de se virar para
manter as pastagens e alimentar seus rebanhos. Mesmo com esses problemas, a
pecuária sempre mostrou força na região, que tem cerca de 2,6 milhões de
cabeças, respondendo por 11,8% do rebanho bovino mineiro (que gira em torno de
22 milhões de animais). Acompanhando o mesmo nível nacional (total de 200
milhões de cabeças), mais de 80% do gado criado no Norte de Minas é de nelores
ou resultantes de cruzamentos com a raça.
Não
tanto pela quantidade, mas pela qualidade, o Norte de Minas se destaca na
criação do zebuíno, reunindo alguns dos principais selecionadores da raça em
todo território nacional. “A qualidade do gado do Norte de Minas vem sendo
constatada nas provas de ganho de peso realizadas na região e nas avaliações do
melhoramento genético promovidas pela ABCZ (Associação Brasileira de Criadores
de Zebu)”, afirma o presidente do Sindicato Rural de Janaúba, José Aparecido
Mendes. Ele lembra que um reprodutor da raça é vendido, em média, por R$ 7 mil,
mas existem animais de “cabeceira” que saem por valores bem mais altos nos
leilões: acima de R$ 15 mil.
Uma
das grandes criadoras de Nelore no Norte de Minas é a empresa Colonial
Agropecuária (ligada ao Grupo Andrade Gutierrez), na qual José Aparecido
trabalha. A empresa tem uma fazenda de 22 mil hectares em Janaúba, onde conta
com um rebanho de 15 mil animais, com a venda permanente de touros para todo o
país. A Colonial investe em um programa de seleção e melhoramento genético da
raça nelore, em parceria com institutos de pesquisa. Com o melhoramento da
genética, eleva seus lucros por meio da comercializaçao em centrais de sêmen.
Um
animal da fazenda, chamado Quark Col, que morreu no fim de 2011, foi
considerado o maior touro nelore do Brasil em termos de vendas para inseminação
artificial durante 15 anos – foram vendidas 230 mil doses de sêmen (cada dose
ao preço de R$ 200), segundo José Aparecido. (Fonte: jornal Estado de Minas)
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